Duas quadrilhas ligadas à facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) e identificadas pela Polícia Civil do Ceará (PCCE) são suspeitas de terem cometido vários ataques a instituições financeiras, no Ceará, nos últimos anos. Três integrantes dos bandos foram presos em operações em conjunto com a Polícia Militar do Ceará (PMCE), na semana passada.
Glayson Vasconcelos de Sousa, o ‘Cabelinho’, de 29 anos de idade, e Paulo José Santos Monteiro, o ‘Paulinho’, 24, terminaram detidos na madrugada da última sexta-feira (11), após abordagem policial e troca de tiros, na BR-122, no Município de Solonópole (a cerca de 275 km de distância de Fortaleza). Segundo informações repassadas pela Polícia Civil, em coletiva de imprensa ontem, a dupla é suspeita de participar do ataque a banco em Piquet Carneiro (a 314 km de distância da Capital), na madrugada de quinta (10).
Com os presos, os policiais apreenderam dois fuzis: um AK-47 calibre 762, um calibre 556 e 101 munições calibre 556, além de um veículo Fiat Strada. Outra parte do bando, que estava em um veículo Fiat Palio nas proximidades, furou o bloqueio policial e fugiu. De acordo com o titular da Delegacia de Roubos e Furtos (DRF), delegado Ricardo Romagnoli, quatro criminosos já foram identificados e eles portavam fuzis e pistolas. O automóvel foi abandonado pelos criminosos e também acabou apreendido pela Polícia.
Já Graciliano Farias Guedes, 39, foi detido em Santa Quitéria, na última terça-feira (8), dia seguinte à ação criminosa contra um carro-forte, no mesmo Município (a 221 km de distância de Fortaleza), do qual ele é um dos suspeitos de estar envolvido. Ele estava na posse de duas espingardas calibre 22, que foram apreendidas pelos policiais.
Identificados
Quatro comparsas de Guedes, como é chamado, foram identificados pelos investigadores. “Já temos os nomes do restante da quadrilha, a partir da prisão do Guedes. É um grupo composto por indivíduos com antecedentes. A gente prefere não divulgar agora, para não atrapalhar o andamento das investigações. Mas adianto para vocês que existem integrantes de outros estados”, revelou o titular da Delegacia de Roubos e Furtos de Veículos e Cargas (DRFVC), delegado Diego Barreto. “Vários são do Nordeste, mas também do Sudeste, e, no Rio de Janeiro, eles têm bastante influência”, acrescentou Romagnoli.
Para o titular da DRF, não há dúvidas que as duas quadrilhas vêm atuando no Ceará com frequência, há alguns anos. “É a especialidade deles. Nós estamos juntando nossos inquéritos, já temos informações de outros ataques este ano e nos anos pretéritos”, destacou.
As Especializadas investigam se os bandos, pertencentes ao PCC, possuem alguma ligação. “Nós estamos aprofundando as investigações, para tentar entender se há uma interligação entre eles. É possível que haja algum ponto em comum, alguma pessoa. Mas não são quadrilhas que estão atuando conjuntamente”, explicou Romagnoli.
Fuzis
‘Cabelinho’, que não tinha antecedentes criminais, admitiu ser o dono dos fuzis apreendidos pela Polícia e fornecer as armas de grosso calibre para outros grupos. “Ele disse que adquiriu as armas em São Paulo, há cerca de um ano, pelo valor aproximado de R$ 100 mil, e que alugava esses fuzis para as quadrilhas praticarem esse tipo de crime, e que era a terceira ou quarta vez que alugava esses fuzis”, contou o titular da DRF.
O delegado Diego Barreto explicou que os fuzis “são armas extremamente perigosas, com poder de destruição muito grande, que perfuram veículos facilmente”. “São armas usadas apenas por Forças Armadas. (Sobre) O fuzil calibre 762, já entramos em contato com as Forças Armadas, para rastrearmos por onde essa arma entrou no Brasil”, complementou.
‘Paulinho’ é o único preso que tinha passagem pela Polícia, antes das operações das forças policiais. Ele já respondia por seis roubos e dois portes ilegais de arma de fogo. Segundo Barreto, ele e o comparsa ‘Cabelinho’ também são suspeitos de extorquirem empresários na região do Vale do Jaguaribe.
Os três homens foram autuados pelos crimes de roubo, associação criminosa e porte ilegal de arma de fogo e se encontram detidos no Complexo de Delegacias Especializadas (Code), da Polícia Civil, onde também estão apreendidos as armas e o veículo modelo Strada. Já o Palio ficou recolhido na Delegacia Municipal de Solonópole.
Crimes
O Estado soma 14 ataques a instituições financeiras neste ano. O último crime ocorreu na madrugada da quinta-feira (10), em Piquet Carneiro, quando criminosos explodiram a agência do Banco do Brasil e dispararam vários tiros contra o destacamento da Polícia Militar. Três dias antes, criminosos interceptaram dois carros-fortes, em Santa Quitéria, conseguiram explodir um dos veículos e fugiram.
Até o fim do mês de abril, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) contabilizou 12 ataques a bancos e carros-fortes, o que representou uma queda de 45,5% do índice, em comparação a igual período de 2017 - que somou 22 crimes.