Quando assumiu a Secretaria de Segurança do Ceará (SSPDS), em setembro do no passado, Servilho Paiva disse que os altos índices de criminalidade no Estado não seriam reduzidos com mágica. Diante da pressão geral por resultados, o secretário buscava ganhar tempo, dentro do pouco tempo que resta à gestão Cid Gomes.
No início do ano, Paiva anunciou um plano de ações que dividia o Estado em áreas de policiamento e prometia prêmios para policiais. Pois bem, a assessoria de comunicação da Secretaria de Segurança divulgou agora no começo de fevereiro, boletim com a seguinte notícia:
Ceará registra queda de 45% em Crimes Violentos Contra o Patrimônio.
A comparação é entre janeiro de 2013, quando foram registrados 5005 casos, e janeiro de 2014, com 2745 casos. De acordo com a SSPDS, a criação de 18 Áreas Integradas de Segurança (AIS), cada uma com três responsáveis (um policial militar, um policial civil e um bombeiro), foi o principal motivo para a redução.
Parece ou não parece mágica? Quem diria que uma simples reorganização faria o que milhões e milhões de investimento, especialmente em luxuosas Hilux, não conseguiu ao longo de sete anos. O problema da mágica, todos sabem, é que ela não passa de ilusão. Nesse ritmo de 45% ao mês, em março não haverá mais registro de assaltos no Ceará…
Não estou dizendo que os dados são falsos. Mas tudo parece simples demais e talvez haja uma certa pressa em divulgar algo positivo para uma área demasiadamente carente de boas novas. Ao ler esses dados, algumas dúvidas me vieram à mente:
1 – As prisões por esse tipo de crime aumentaram (subindo consideravelmente a população carcerária) ou foram os bandidos desistiram de agir nessa modalidade?
2 – Teriam os assaltantes abandonado a prática de crimes diante da nova organização policial, ou depois de um ano lucrativo, teriam resolvido, bem no ano eleitoral, tirar férias?
3 – Outros tipos de crime também tiveram os índices reduzidos?
4 – Não seria mais apropriado dizer que não foram os crimes em si que caíram, mas seus registros oficiais? Até que ponto as vítimas simplesmente não deixaram de comunicar os assaltos por absoluta certeza de que nada será investigado? O sujeito que tem, por exemplo, o celular roubado, sem perder os documentos, ainda faz um Boletim de Ocorrência?
Eu acredito no secretário Servilho Paiva: não existe mágica. Por isso, é preciso uma certa dose de ceticismo ao analisar estatísticas. Não tanto por desconfiança, mas por segurança.
Para encerrar, ilustrand0 o perigo das ilusões, publico uma singela imagem. Mire no ponto vermelho, sem piscar os olhos, por alguns segundos. A faixa azul desaparecerá, mas não se engane. Ela continua lá.
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