UPPs - Pelo menos oito unidades estão em más condições

Principal projeto de segurança do governo do estado, com ampla visibilidade internacional, as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) estão vivendo dias difíceis. Especialmente para os policiais. E não é apenas por causa dos tiroteios. Pelo menos oito precisam de reparos urgentes. É o caso do Dona Marta, em Botafogo, a menina dos olhos da Secretaria de Segurança Pública. Um dos postos é a casa onde morou o traficante Marcinho VP, mas que está em péssimas condições. Parte do reboco está despencando, as paredes estão cheias de infiltrações, há fios expostos e falta um pedaço da porta de madeira. O cenário de abandono leva moradores a despejarem o lixo de suas casas na entrada da unidade.
Não há ar condicionado, e o efetivo passa o dia dentro da ‘sauna’ nos dias de verão, com a temperatura ultrapassando os 40°C. A secretaria garantiu que planeja a “criação de salas, revisão da parte elétrica, substituição das portas e janelas de madeira por aço, telhado e pintura”. A falta de equipamento para refrigerar as instalações da pacificação no calor carioca é um das reclamações mais constantes dos policiais.
Num posto do Morro Dona Marta o cenário é de total abandono: há infiltrações, fios e vergalhões expostos e despejo de lixo perto da porta
Goteiras
Em uma outra base da UPP, na parte baixa da comunidade, policiais sofrem com infiltrações e do teto chega a vazar água em dias de chuva. 
Estas reformas e de outras unidades serão financiadas pela prefeitura, que vai investir R$ 13 milhões para fazer as obras. O dinheiro viria do empresário Eike Batista, que, ao sair do projeto, deixou de aplicar R$ 20 milhões.
No morro dos Prazeres, em Santa Teresa, onde a UPP funciona em contêineres desde 2011, o efetivo ficou três dias sem água. A água para beber é doada pelos comerciantes. Apesar da escala de plantão, que os obriga a passar o dia no local, não tem estrutura de copa e cozinha. As refeições são feitas no mesmo lugar onde sentam para o trabalho. E uma janela de vidro quebrada está à espera de conserto.
No Morro dos Prazeres, mangueira faz o abastecimento de uma base da UPP
“Acho um absurdo como tratam esses policiais. Os contêineres ficam ao lado de uma encosta que teve deslizamento de pedra”, afirmou a presidente da Associação de Moradores do Prazeres, Eliza Brandão. A Secretaria Municipal de Obras afirmou que o local não está em área de risco mapeadas nos Prazeres. Já, segundo a Secretaria de Segurança Pública, os contêineres serão substituídos por alvenaria. “Quando essa base for erguida, será solicitado o acompanhamento das obras pela GeoRio”, afirmou a Seseg.
Numa das instalações das comunidades Chapéu Mangueira/Babilônia, a situação não é diferente. Um fio exposto segura uma lâmpada, há cadeira quebrada e um papelão fecha um buraco do ar-condicionado há meses é esperado.
No Chapéu Mangueira, papelão no lugar do ar condicionado
Uma sede definitiva para a Vila Cruzeiro
Das 37 UPPs, oito funcionam em contêineres: Turano, Prazeres, Vila Cruzeiro, Parque Proletário, Rocinha, Lins, Arara/Mandela e Jacarezinho. São nessas que as condições sãos as piores. “É humilhante. Os colchões são sujos e a gente tem que trazer lençol de casa para forrar”, reclamou um policial, que reclama de um detalhe polêmico: “As bases não são blindadas. Isso jamais deveria ocorrer.”
O deputado estadual Flavio Bolsonaro (PP) disse que recebe diariamente reclamações de policiais. “Lamento que instalações provisórias se tornaram permanentes. Reconheço que tem ocorrido muitas melhoras por causa do projeto, mas é preciso humanizar o tratamento dado aos policiais”, afirmouo parlamentar.
Dos R$ 13 milhões que a prefeitura vai investir nas reformas, R$ 5,020 milhões serão destinados à construção de uma sede definitiva para os policiais militares na favela da Vila Cruzeiro e para reparos nas bases da comunidade da Chatuba e do Morro da Fé, no Complexo da Penha.

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