Passava das 22h e as últimas lojas do Centro da cidade fechavam suas portas. Duas mulheres, uma loira e uma de cabelo escuro, estavam, sozinhas, na Praça dos Voluntários, em frente ao prédio da Delegacia Geral da Polícia Civil. Uma delas, usando uma chave, destravou e saiu guiando um carro, estacionado também em frente à Delegacia.
O carro, entretanto, havia sido apreendido no último dia 14. A mulher de cabelo escuro, sem levantar suspeitas, furtou o veículo e saiu como se nada tivesse acontecido. Até o momento, ela continua foragida e o carro ainda não foi recuperado.
A ação audaciosa evidencia problemas no entorno do prédio, que deveria remeter a um sentimento de segurança. Há relatos, inclusive, de comerciantes que já foram assaltados "com arma na cabeça" na praça.
Nome falso
O carro, um Focus preto, de placas NQO-1112, foi apreendido por ter sido financiado de maneira fraudulenta, segundo relatou o titular da Delegacia de Defraudações e Falsificações (DDF), Jaime Paula Pessoa. "O homem adquiriu o veículo utilizando um nome falso. Quando a equipe foi abordá-lo, simplesmente abandonou o veículo e saiu correndo. O carro foi apreendido, e o homem fugiu", explicou o delegado. Ao ser apreendido pela Polícia, o Focus ficou estacionado em frente à Praça dos Voluntários, juntamente com outros veículos em situação semelhante.
A DDF investiga o caso e já sabe que o dono do veículo, acusado de estelionato, está por trás do furto. "Sabemos que essa mulher (de cabelo escuro) é casada com o dono do carro. Porém, ele usou um novo nome falso para a documentação do matrimônio. Ele é casado, no nome dele de verdade, com outra pessoa. Estamos identificando e vamos pedir a prisão preventiva dos três", assegurou o delegado.
Uma mulher suspeita foi intimada à Delegacia de Defraudações na manhã da última sexta-feira (25). Entretanto, não foi reconhecida e, acabou liberada.
Comerciantes
Em meio a um turbilhão de comerciantes ávidos e produtos expostos para atrair a atenção dos populares, a Delegacia Geral da Polícia Civil encontra-se rodeada por estabelecimentos dos mais diversos tipos. Lanchonete, banca de revista, vestuário.
Os ramos de negócios são diferentes, mas a reclamação é a mesma: a Praça dos Voluntários, embora situada em frente para ao prédio da Polícia, está abandonada. "Só o prédio em si não representa nada. Ninguém respeita. Eu já fui assaltada durante o dia, com arma na cabeça. Minha loja já foi arrombada. À noite, aqui fica entregue às baratas. A Praça está abandonada. A única reforma que vi aqui foi quando pintaram as cores da gestão antiga para as cores da nova", afirmou a comerciante Fátima Luz, 50.
Fátima reitera que não percebe apoio policial em termos de cuidados ou atenção ao espaço público. "Polícia, aqui, não existe. Alguns até passam de bicicleta mas se estivermos sendo assaltados, nem dá tempo de chamar", desabafou a comerciante, que confessa estar desesperançosa em uma resolução para o problema. "O comerciante é quem tem que se virar", disse, lembrando que, para manter a segurança, paga, juntamente a outros comerciantes, um vigia para ficar dando voltas na Praça, pelo menos, à noite.
Quem também critica a maneira como a Praça é vista pelo poder público é a comerciante Márcia Freitas, de 40 anos. Ela revela enxergar problemas além dos assaltos. "É um absurdo essa praça. Aqui você vê briga de vez em quando (ver matéria coordenada). Já vi delegado ter de descer para separar pessoas alcoolizadas que brigavam aí em frente. Aqui não tem segurança. Da Polícia, vemos apenas os carros parados", dispara.
FONTE: DIÁRIO DO NORDESTE
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