Bombeiro Militar é preso após denunciar jornada de trabalho excessiva

Uilia Braga está detido desde segunda-feira (18) no 8º Batalhão, em Goiânia; ele acredita que punição foi uma espécie de vingança.

O Ministério do Trabalho vai investigar a prisão de um cabo do Corpo de Bombeiros após denunciar excessos na escala de trabalho na corporação. Uilia Braga está detido desde segunda-feira (18) no 8º Batalhão, em Goiânia.

O bombeiro foi punido por transgressão disciplinar, por participar de uma reunião, em agosto do ano passado, para denunciar o que ele considera uma jornada de trabalho excessiva.

"Nós denunciamos a escala dos bombeiros. Ela tem privado a pessoa humana do convívio com sua família. Ela tem privado o cidadão de ter acesso à dignidade", afirmou Uilia em entrevista à TV Anhanguera pelo telefone celular ao qual tem acesso dentro do Batalhão.

O cabo acredita que a punição foi exagerada, uma espécie de vingança. "Minha carreira acabou de ser sepultada. Eles cuidaram de enquadrar tudo o que fiz, a busca dos direitos, eles me enquadraram nos piores tipos indisciplinares existentes no regulamento", afirma.

Outros quatro homens do Corpo de Bombeiros foram punidos pelo mesmo motivo. Três deles ficaram presos em março. O outro foi excluído da corporação.

Investigação
Uma auditoria da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego em Goiás (SRTE/GO) investiga o caso. A prisão disciplinar de militares é prevista no regulamento da corporação, mas a auditora Jaqueline Carrijo questiona os efeitos da punição. "Prisão é para bandido. Não é para trabalhador que reivindica melhor condição de trabalho", afirma a auditora.

O comando dos Bombeiros afirma que o homem cumpre prisão por ter cometido transgressão grave, prevista no regulamento da corporação. Além disso, diz que ele foi punido após a instauração de procedimento administrativo.

Para a União dos Militares de Goiás, a prisão foi abusiva, já que os bombeiros punidos buscavam melhorias. Além disso, denuncia um déficit de profissionais na corporação. "O governo não contrata mão de obra para a Polícia Militar, e nem para o Corpo de Bombeiros", afirma o presidente da União, Valdenir Medrado.

Resposta
O comando do Corpo de Bombeiros explica que a jornada atual dos militares é de 24 horas trabalhadas por 48 horas de descanso. Além disso, afirma que a corporação estuda a possibilidade de implantar uma escala de 24 horas trabalhadas por 72 horas de descanso.

Já sobre a falta de trabalhadores, a corporação informou que o planejamento estratégico prevê a necessidade de concurso público para aumentar e efetivo nos próximos anos. Entretanto, não foi dito uma data específica para que isso ocorra.

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