A escalada do crime revela que não existe respeito, muito menos medo por figuras simbólicas, como o ex-policial civil Carlos Alberto das Neves Barreto, conhecido como Rambo. Ele resolvia problemas antes mesmo de chegar. Bastava falar o nome Rambo e os bandidos corriam. Por diversas vezes desceu por becos e vielas do Complexo do Nordeste de Amaralina sozinho, apenas com o apoio do seu “trezoitão” cano longo, cor de prata. A fama corria Salvador, a Bahia e o Brasil. Era bom de dedo e bom na mão. Chegou a ser personagem de uma reportagem especial do Programa Fantástico da TV Globo.
O reflexo do seu trabalho foi a eleição expressiva como deputado do delegado Magalhães, que não dava nenhum passo sem a presença do ex-policial. Rambo fez história na década de 80 e 90. É uma morte simbólica de um ícone para os agentes da lei e que mostra a fragilidade da Segurança Pública. Até uma importante dançarina baiana, que ficou famosa depois de sair na capa da Playboy, ele namorou.
O declínio começou após uma apreensão em boate na Barra. Foram encontrados no veículo do então policial uma grande quantidade de drogas. Até hoje a história não foi bem explicada e ele alegou inocência. Não adiantou. Foi preso, condenado e perdeu o distintivo.
A comunidade do Nordeste tem pedido insistentemente a intervenção urgente do Estado e da Polícia Federal, pois os marginais, atualmente, estão equipados com granadas e até fuzil modelo AK47. Eles fazem questão de exibir o arsenal através de postagens no Facebook e no WhatsApp. Para se ter uma ideia, funcionários do Correio, da Embasa e da Coelba não entram na localidade do Boqueirão. Só se o chefe da facção autorizar.
A presença de 10 homens com metralhadoras e pistolas revela ainda que a morte foi planejada e não poderia haver falhas. Digo, ele não poderia escapar de maneira alguma. É fato que mesmo depois de mais de 20 anos afastado, ele continuava incomodando o tráfico de drogas e atuava como informante da Polícia, chegando inclusive a participar de diversas diligências. O que Rambo fez? Quem ele estava atrapalhando? A quem interessa essa morte?
A omissão da Secretaria de Segurança Pública é notória em Salvador e principalmente no interior do Estado. Em Maragogipe, cidadãos convivem com a guerra civil protagonizada por traficantes de drogas das facções Comando da Paz e Bonde do Maluco, essa última ligada ao PCC- Primeiro Comando da Capital. É raro o dia em que não ocorre homicídio e tiroteios. Estamos falando de um município com pouco mais de 60 mil habitantes. As pessoas, inclusive, estão sofrendo pena de degredo compulsório. Ou seja, estão saindo da cidade com medo de serem atingidas por uma bala perdida. Nos municípios vizinhos a situação não é diferente. Simões Filho, por exemplo, proporcionalmente, é considerado o local mais violento do país. A sociedade merece, pelo menos, uma satisfação do secretário de Segurança Pública. Afinal, estamos perplexos.
Com tantos investimentos e inaugurações, qual o porque desse avanço? Porque a violência aumentou tanto na Bahia se os dois últimos governos investiram muito mais que os anteriores? Antigamente, as viaturas eram da marca Parati e agora são possantes caminhonetes turbinadas Hilux, Nissan e S10. Nem todos os policiais tinham armas. Hoje, todos contam com pistolas e/ou metralhadoras, que segundo o Governo, são de última geração.
É injustificável esse cenário e apenas o crack não justifica, pois o usuário é imediatista. Ele furta sua carteira e/ou seu celular para comprar uma pedra de crack. Ele quer apenas a satisfação do dia e se livrar da abstinência. Eles não roubam carros e raramente matam, afinal não é o seu objetivo. O que quero dizer com esse exemplo é que a violência é profissional!!!
Hoje na Bahia, de acordo com uma fonte, existe um departamento anti-sequestro, mas que não é divulgado. Porque? E eu não estou falando de sequestro relâmpago e sim extorsão mediante sequestro em cativeiro. Um crime considerado hediondo. No mês de maio foi realizada uma audiência na 13ª Vara Criminal, onde compareceram presas em torno de oito pessoas acusadas de um único sequestro. Isso também não foi divulgado, o que demostra que a situação é gravíssima e os dados estatísticos estão sendo manipulados para que a população não entre em pânico. Neste momento, em que você está lendo esse editorial, uma pessoa na Bahia pode está sofrendo dentro de um cativeiro.
As pessoas estão deixando de frequentar os restaurantes e preferem ficar no lar. A noite na Bahia é composta por estudantes. Os casais, os pais de família, com medo, sumiram. Sonham em mudar de Estado ou país. Pouca gente vislumbra outro aspecto da violência, que é o agravamento da crise econômica em virtude de afetar diretamente um dos setores que mais faturam no mundo, o turismo. A primeira coisa que verificamos ao viajar é a Segurança Pública. E ainda tem gente que culpa o aeroporto! Mero engano… As pessoas estão deixando de vir para a Bahia por causa da violência. Fato! Para completar o cenário de terror e pânico, nunca o atual secretário deu uma entrevista explicando o motivo de toda essa criminalidade.
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