Ceara: Estima-se que mais de 500 pessoas foram expulsas de suas residências por facções criminosas



A Defensoria Pública estima que, nos últimos 12 meses, pelo menos 524 pessoas foram desalojadas à força

A realidade do lar próprio transfigurada em tormento, angústia e aflição. A criminalidade parece não ter freio e atinge diretamente o cotidiano de dezenas de famílias em Fortaleza, que acordam com a ordem explícita e prazo já predeterminado: "se não sair em até 48 horas, vai morrer". O mando está escancarado nas paredes dos imóveis de diversas comunidades. Já nas primeiras ruas do bairro Barroso, uma comerciante conta: "um bocado de gente já saiu daqui da noite para o dia". Com a condição de não ser identificada, a mulher recomenda à reportagem "tomar cuidado com quem falar e por onde ir", deixando claro que os vigilantes das facções se espalham pela região. A poucos metros, um jovem arregimentado pela criminalidade acompanha os passos da equipe e sinaliza aos comparsas a chegada dos "estranhos". Do outro lado da via, uma composição da Polícia Militar se concentra em um posto fixo que, conforme moradores, foi instalado há pouco meses, na intenção de evitar novas expulsões. Entre as vielas do bairro, há dezenas de imóveis com placas de 'vendo ou alugo'. De acordo com um homem que reside no bairro há 29 anos, a saída em massa dos seus vizinhos não tem outra explicação a não ser o medo de ser mais uma vítima da disputa de território entre organizações criminosas rivais. 

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