O assassinato do comerciante José Luciano Furtado Alves, na noite da última segunda-feira (20), no bairro Bom Jardim, em Fortaleza, está sendo investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). A vítima teria sido executada após desobedecer a ordem de membros de uma facção criminosa e retornar à sua residência.
Ontem, nos arredores da Comunidade 7 de Setembro, onde José Luciano foi morto a tiros, a lei do silêncio imperava entre os moradores. Próximo às pichações em muros com a sigla da facção Guardiões do Estado (GDE), moradores do bairro confirmavam saber do homicídio, mas diziam não ter mais informações a respeito do acontecido. "Eu sei que ele tinha um armarinho, mas não conhecia bem quem era. Ouvi os barulhos dos tiros na hora do jogo. É tudo que eu sei", relatou um vendedor, sem se identificar.
Testemunhas contaram à reportagem da TV Diário, na noite do crime, que Luciano Alves era morador da Comunidade 7 de Setembro e, há poucos dias, havia recebido ordem de uma organização criminosa para abandonar seu imóvel.
Quando decidiu retornar à casa, criminosos já o aguardavam. A vítima estava dentro de um veículo Toyota Hilux, de cor prata, quando foi alvejada. Segundo a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), instantes após o homicídio, quatro homens foram presos.
A Pasta divulgou que dois suspeitos estavam na Estrada do Jatobá, enquanto outra dupla que estaria envolvida com o crime foi capturada após perseguição policial. Com os suspeitos, os policiais encontraram uma arma de fogo municiada e drogas. A identidade dos homens detidos não foi divulgada pela SSPDS. A autuação em flagrante ocorreu no 32º DP (Granja Lisboa), da Polícia Civil, onde um inquérito por homicídio foi aberto. Em seguida, o caso foi transferido para o DHPP, que irá conduzir as demais investigações sobre a motivação do assassinato.
Expulsões
As expulsões de moradores dos seus imóveis são recorrentes nas periferias da Capital. Conforme levantamento da Defensoria Pública do Ceará, desde outubro de 2017, 133 famílias recorreram ao Núcleo de Habitação e Moradia para relatarem ter sido forçadas a sair das suas casas e das comunidades onde viviam.
Dois casos ocorreram neste mês de agosto de 2018. A Defensoria Pública ressaltou que tem buscado o diálogo para assegurar as necessidades dessas pessoas, como abrigo temporário, troca de conjunto habitacional, aluguel social e pedidos de distratos de imóveis.
"Desde o início dessa demanda específica, a Defensoria vem acionando o poder público, em suas mais diversas instâncias, provocando reuniões, enviando ofícios e marcando audiências em busca de construir ações emergenciais e políticas públicas eficazes", acrescentou.
Novo assassinato
Menos de 24 horas após a morte de José Luciano, mais um homicídio foi registrado no Bom Jardim. Ontem, por volta das 16h30, Yuri Ferreira da Costa, de 18 anos, foi alvejado na Rua Naiara Batista, próximo de onde ocorreu o outro crime. De acordo com um policial militar, que preferiu não se identificar, o jovem tentou escapar dos assassinos, mas foi alcançado e executado metros depois. "Disseram que ele estava jogando bola quando dois caras em uma motocicleta preta apareceram. Foram dois tiros no rosto dele", informou o PM.
Os militares que atenderam a ocorrência não encontraram antecedentes criminais contra Yuri Ferreira. Equipes do Departamento de Homicídios também estiveram no local do crime. Ainda não há informações se as duas mortes têm ligação.
FONTE: DIÁRIO DO NORDESTE
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