Pistoleiro preso em São Paulo tem julgamento marcado no Ceará. Cearense com vasta ficha criminal migrou de estado, junto de comparsas. Por lá, a quadrilha se ligou à facção criminosa PCC, continuou os crimes de pistolagem e passou a vender drogas e a lavar dinheiro com vaquejadas. A Operação Cactus, da Polícia Civil de São Paulo, prendeu 10 suspeitos e apreendeu armas e drogas*
Vaquejada, ostentação e ações criminosas diversas. Um grupo tentou repetir, em São Paulo, a vida que levava no Ceará. Mas foi descoberto e preso pela Polícia Civil paulista. Um dos suspeitos capturados, Antônio Charles Barreto, o 'Charlim', de 34 anos, natural de Jaguaretama (CE), é tido pela Polícia como o membro mais perigoso da quadrilha e possui uma vasta ficha criminal no seu Estado, onde será julgado por tentativa de homicídio.
O julgamento está marcado para o próximo dia 3 de maio, na 5ª Vara do Júri da Comarca de Fortaleza, depois de ser adiado duas vezes, no ano passado (em setembro e dezembro), pelo fato de o réu não constituir defesa. Um advogado da Defensoria Pública do Estado, então, assumiu o caso. O Sistema Verdes Mares teve acesso ao processo.
O crime ocorreu nove anos atrás, no dia 1º de maio de 2010, no bairro Messejana, em Fortaleza. Para o Ministério Público do Ceará (MPCE), 'Charlim' foi contratado para matar um homem e efetuou seis tiros contra ele. O acusado foi preso em flagrante e a vítima sobreviveu.
Nos autos do processo, a defesa do réu alegou que o cliente foi detido ainda com munições, o que se configuraria como "desistência voluntária" e deveria ser julgado apenas como lesão corporal - e não por tentativa de homicídio.
*Pistolagem*
Antônio Charles Barreto foi condenado pela 3ª Vara do Júri do Fórum Clóvis Beviláqua, em 18 de fevereiro de 2014, por homicídio qualificado contra Jairo Barreto Sobrinho e tentativa de homicídio a uma mulher. O tiroteio ocorreu em uma churrascaria de Jaguaretama, no dia 21 de fevereiro de 2004. No Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), 'Charlim' ainda responde por crimes do Sistema Nacional de Armas e organização criminosa.
O pistoleiro é suspeito de participar também da execução do subtenente da Polícia Militar do Ceará (PMCE) Carlos Herbênio Almeida Bezerra, comandante do Destacamento de Jaguaretama, em 19 de fevereiro de 2016. O assassinato teria sido uma represália à morte de Lucivando Saraiva Diógenes, o 'Gordo', em um confronto com a PM em 2008.
O grupo criminoso ao qual 'Charlim' pertence ficou conhecido no Vale do Jaguaribe como 'Filhos do Senhorzinho Diógenes', liderado por 'Gordo'. Em um assalto a uma fazenda, com troca de tiros com a Polícia, a quadrilha matou outro PM, o soldado Hudson Danilo Lima Oliveira, em janeiro de 2016 - um mês antes da execução do subtenente. A sequência de mortes dos agentes de segurança teria sido um dos motivos que fez o bando migrar para São Paulo.
'Charlim' esteve preso na Casa de Privação Provisória de Liberdade José Jucá Neto (CPPL III), em Itaitinga, em 2014. O presídio oportunizou o contato dele com membros da organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Ao se mudar para São Paulo, berço da facção, ele e outros integrantes dos 'Filhos de Senhorzinho' começaram a trabalhar para o PCC, com pistolagem e tráfico de drogas na região de Guarulhos. O dinheiro obtido de forma ilícita era lavado com a realização de vaquejadas em território paulista.
Operação
A atividade do grupo chamou a atenção do 4º DP de Guarulhos, da Polícia Civil, que descobriu que eles eram cearenses, com vasto histórico criminal e alguns membros de uma mesma família. Após quatro meses de apuração, a Operação Cactus foi deflagrada na última segunda-feira (15), prendeu 10 suspeitos de integrar a organização criminosa e apreendeu dois fuzis, mais quatro armas de fogo (inclusive uma pistola israelense) e 6kg de drogas.
Fonte: DN
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