Retrocesso na Polícia Civil Cearense


 EXCLUSIVO: 

Segurança em Colapso - Delegacias do Ceará Sem Plantonistas e Atendimento Remoto Agravam Crise Policial

A Polícia Civil do Ceará enfrenta um retrocesso sem precedentes, marcado por decisões operacionais que parecem desconsiderar tanto a eficiência quanto o bem-estar da população e dos próprios policiais. Com 23 delegados em licença, todos vinculados ao CEPRODI (Central de Procedimentos Digitais), a instituição vive um momento crítico. A recente notícia do fim dos plantões presenciais brevemente em cidades estratégicas como Tianguá, Maracanaú e Caucaia, apenas agrava a situação.

O desaparecimento dos delegados de plantão nas delegacias, especialmente em Fortaleza, tornou-se um cenário lamentavelmente comum. Mesmo na DGP (Delegacia Geral de Polícia), onde se encontram lotados 8 delegados, questiona-se a eficácia de tal alocação de recursos. O CEPRODI, apesar de sua proposta inovadora de atuar como central de flagrantes remota, autuando a distância por videoconferência, mostrou-se incapaz de atender às demandas com a agilidade necessária. A demora para a realização de autuações, que chega a mais de oito horas, não apenas prejudica a administração da justiça, mas também compromete a segurança pública, retendo viaturas e policiais militares que seriam essenciais nas ruas.

A situação atinge um ponto crítico quando apenas três delegados são responsáveis por responder por 154 municípios, resultando em esperas exorbitantes para a formalização dos autos. Este cenário não apenas expõe a vulnerabilidade da autoridade policial diante da nova modalidade de lavratura de flagrantes online, mas também tem sérias implicações para a saúde dos delegados, que enfrentam uma sobrecarga de trabalho insustentável.

Além do mais, este afastamento operacional da Polícia Civil de seu papel essencial na comunidade revela um tratamento desumanizado das prisões, onde indivíduos são mantidos em uma espécie de limbo jurídico e logístico por horas a fio. Por outro lado, vítimas e testemunhas são também sacrificadas em teste de paciência. Resultado é uma população cada vez mais distanciada de sua força policial, uma autoridade comprometida em sua capacidade de agir rapidamente e eficazmente, e uma deterioração da já frágil segurança nos municípios atendidos.

É urgente que a Polícia Civil do Ceará reavalie suas práticas e estruturas operacionais. A segurança pública é um direito fundamental dos cidadãos e deve ser tratada como prioridade. As autoridades competentes precisam encontrar soluções que não apenas minimizem as deficiências do sistema atual, mas também restaurem a confiança da população na capacidade de sua polícia de proteger e servir com eficácia e humanidade. O retorno aos plantões presenciais, acompanhado de uma revisão da estratégia de digitalização e uma adequada distribuição de recursos humanos, parece ser um ponto de partida crucial para reverter este cenário de retrocesso.

A Associação dos Delegados de Polícia do Ceará (Adepol/Ce), através de seu presidente, José Jaime Paula Pessoa Linhares, há muito vem mostrando aos dirigentes da segurança pública o grave cenário. Resta agora, apelar para o governador Elmano de Freitas.

César Wagner Maia Martins, editor, ex-superintendente da Polícia Civil do Ceará, ex-coordenador-geral da Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (CIOPS), ex-diretor do Departamento de Polícia Especializada (DPE), ex-diretor do Departamento de Polícia do Interior (DPI) e ex-delegado Titular da Delegacia de Combate ao Narcotráfico. Ex-secretário de Segurança de Aracati. Formado em Direito (Unifor) e especialista em Direito Penal e Processual Penal (Unifor). Comunicador, radialista, palestrante e consultor de empresas.


Fonte: Blog do César Wagner

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