Iniciamos o ano de 2014 em um clima de quase guerra. A insegurança ocupa os espaços de destaque da grande mídia e das redes sociais. Os assaltos, os roubos, o tráfico de drogas e os assassinatos continuam crescendo em toda parte e, em algumas cidades, avolumam-se também situações de extrema gravidade como a queima de veículos lotados de pessoas, ordenadas de dentro de presídios.
As prisões, que deveriam ser espaços de segregação e de reeducação social dos que cometem delitos, perderam significativamente estas funções, tornando-se paradoxalmente estruturas de aperfeiçoamento de bandidos e centros de comando para operações criminosas.
Está instalada uma inversão de valores: os encarcerados dão as cartas e os cidadãos se veem forçados a entrar no jogo determinado por eles. Sentindo-se vulneráveis, muitos estão procurando esconder-se elevando os muros, blindando carros e contratando seguranças pessoais e eletrônicas.
É desconcertante constatar-se que o crime tem se revelado mais bem organizado do que a sociedade e os governos, vencendo muitos dos confrontos nos quais os interesses da marginalidade se sobrepõem aos do bem comum. Os bandidos ganham espaços aproveitando-se de posturas individualistas de boa parte da sociedade e da ineficiência das ações de governantes voltados prioritariamente aos embates da luta pelo poder.
A conivência, o despreparo e a falta de compromisso da parte de muitos agentes responsáveis pelo cumprimento da lei facilita a atuação dos criminosos e dificulta o exercício do papel do Estado na proteção dos direitos do cidadão. Nada é mais espantoso do que a incapacidade das autoridades policiais e carcerárias em banir o uso de armas, drogas e dos telefones celulares por parte dos detentos, quando é sabido por todos que este é o principal meio de comunicação entre os mandantes e os executores de atos criminosos a partir de presídios.
Existe no ar uma indesejável e generalizada sensação de derrota e de descrédito por todo o país. Desiludida com a capacidade do poder público de encontrar soluções para o problema, a sociedade está desmobilizada, quase apática. Não há como continuar assim. O não enfrentamento coletivo e articulado desta realidade está trazendo prejuízos incalculáveis às pessoas e ao país.
A indignação demonstrada pela sociedade contra essa situação, exige que cada um de nós deixe de lado a comodidade e busque nas nossas famílias, entidades representativas, associações de bairros, instituições religiosas, partidos políticos, enfim, onde possa, alguma forma de articulação de esforços visando criar alternativas para uma reação estruturada, efetiva e duradoura.
Considerando que 2014 é um ano eleitoral e de Copa do Mundo tenho a sensação de que a insegurança em Fortaleza poderá ser agravada em escala realmente incontrolável. Mas isso somente ocorrerá se não estivermos unidos e organizados.
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