A execução da comerciante Maria Edileuza, no bairro do São Miguel, por supostos membros da gangue do Coqueirinho – após dez meses em que ela denunciou ao O POVO estar sendo ameaçada de morte – é a mais nova afronta do crime organizado à sociedade fortalezense e um repto desmoralizador à Segurança Pública do Estado.
A vítima – Maria Edileuza -, como se soube, teve dois filhos assassinados por suposto envolvimento com o mundo das drogas: o primeiro, em 2006, o outro, fuzilado, acintosamente, em abril passado quando saía do Fórum Clóvis Beviláqua, depois de prestar depoimento. Agora, chegou sua vez. Estava marcada para morrer, e todos sabiam disso, inclusive a Polícia. A ameaça foi levada à imprensa, ao Ministério Público, à Justiça, à delegacia do bairro e aos policiais militares responsáveis pelo policiamento da área. Tudo inútil.
Dar proteção significava investir na identificação e punição dos envolvidos nas mortes de seus filhos e nas ameaças contra ela mesma. O fato poderia passar como tantos outros, se não fosse um detalhe: mais de 60 pessoas (o número pode chegar a 200), envolvendo traficantes e gente de bem foram executadas no bairro, desde 2002. Nada causa temor a esses criminosos, pois têm certeza da impunidade. No entanto, todo mundo sabe quem são, onde se reunem e o que praticam.
O medo e a falta de confiança (e isso é muito marcante) nos órgãos encarregados de combater a criminalidade torna as pessoas mudas. Isso, no entanto, não pode ser justificativa para a inação dos órgãos de investigação e repressão. As pessoas têm razão em não falar, pois estão à mercê dos bandidos e (digamos a verdade) suspeitam dos próprios policiais. O que deveria ser feito, então? Um trabalho de inteligência, através da infiltração de agentes nessas comunidades para identificar os bandidos e flagrá-los em ação. Não se resolve questões como essa sem trabalho de inteligência. As áreas de maior atuação dessas gangues já estão identificadas, assim é possível concentrar nelas esse tipo de investigação. Além, é claro, do policiamento ostensivo, massivo, nessas áreas.
O inadmissível é permitir que os bandidos continuem a zombar do poder do Estado e a infernizar impunemente a vida dos cidadãos.
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