Operação do Ministério Público de São Paulo e da Polícia Militar revelou um dos mais amplos esquemas descobertos até agora entre facções criminosas e poder político. Três vereadores foram presos por esquema estimado em R$ 200 milhões. A suspeita é de que os parlamentares agiram para infiltrar a facção PCC em processos licitatórios fraudados. O esquema teria sido identificado em pelo menos 12 municípios, inclusive prefeituras importantes, como Guarulhos, Guarujá, Sorocaba e até a capital, São Paulo. Na semana passada, outra operação havia exposto a relação do PCC com empresas de ônibus que mantêm contratos com a Prefeitura de São Paulo.
De acordo com o Ministério Público, as descobertas até aqui com as investigações expõe que o PCC hoje está presente em ações que não se restringem ao tráfico de drogas e crimes violentos. A facção se sofisticou.
Tal realidade também é investigada no Ceará. No último mês de março, O POVO publicou que o Ministério Público possui investigações em curso sobre relações de vereadores, secretários municipais e até prefeitos com grupos criminosos. Como em São Paulo, a principal facção envolvida nesses esquemas seria o PCC.
Os indícios sob investigação aponta que facções financiaram a eleição de vereadores no Ceará em 2020. Uma vez eleitos, eles atuariam, assim como em São Paulo, para fraudar licitações e favorecer empresas que teriam vínculos com os criminosos.
Em 2023, o MP do Ceará realizou 21 operações em pelo menos 13 municípios, e a maioria envolvia fraudes em licitações e outras formas de contratação de empresas. Os investigadores passaram a se debruçar sobre cada um dos suspeitos de envolvimento. É feito, então o cruzamento de informações para buscar relações com pessoas ligadas à hierarquia das facções naquelas localidades.
PRESENÇA TERRITORIAL
Há suspeitas de influências de facções também em eleições de âmbito estadual ou mesmo federal. Porém, em eleições municipais o potencial impacto eleitoral das facções é maior. Vereadores, principalmente, dependem do voto nas comunidades. Em grande parte dos casos, em relação com líderes comunitários. A depender do local, é bastante complicado
para esses líderes atuarem sem que haja
algum nível de consentimento de grupos criminosas que eventualmente tenham ascendência no território. Em 2020, foram várias as denúncias sobre interferência política de facções. Agora pode ser pior.
Nas eleições municipais passadas, as facções vinham da onda de ataques de janeiro de 2019, quando muitos chefes foram presos e transferidos. A criminalidade teve considerável queda. Em 2020, após o motim policial, houve alta da violência e espaço para reorganização de grupos que estavam enfraquecidos. De lá para cá, houve fortalecimento do crime organizado. Facções se reorganizaram, houve dissidência e nova dinâmica. As condições para interferência eleitoral — e para influir com peso no jogo de poder — é cada vez maior.
Essa é uma das grandes questões para as próximas eleições.
INTERFERÊNCIA PARA VOTAR OU NÃO VOTAR
As investigações apontam haver candidatos eleitos com apoio e dinheiro de facções. Não fica por aí. Há também denúncias de eleitores de determinados lugares serem impedidos de votar. E candidatos impossibilitados de fazer campanha
FONTE O POVO
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