Antecipar as ações criminosas se faz com inteligência policial

Areninha do Jardim Violeta palco de uma tentativa de chacina


A crise que não comporta política

O Ceará enfrenta mais uma fase de agravamento da crise na segurança pública que há anos nos desafia, como governo e como sociedade. O crime organizado volta às demonstrações de selvageria e descaso com a vida ao protagonizar nas últimas horas pelo menos dois episódios de violência extrema, que custaram, juntos, a vida de dez pessoas,


Incluindo uma criança de dez anos, além de um número razoável de vítimas feridas, algumas delas que seguem hospitalizadas. O que aconteceu em Viçosa do Ceará,quarta-feira à noite, e, 48 horas depois, no bairro do Barroso, em Fortaleza, exige uma resposta fi rme, rápida e organizada. A primeira cobrança precisa ser feita ao governo e às autoridades da área responsável, claro, mas o quadro complexo exige consciência quanto à importância do envolvimento de todos nós com as ações de revide necessárias. Está claro que o quadro que temos hoje é de insuficiência para tranquilizar o cearense. O novo secretário de Segurança Pública, Roberto Sá, acaba de tomar posse e faz sentido que lhe seja oferecido um tempo para entender a realidade e conhecer a estrutura que têm a disposição, na perspectiva de que a partir disso empreenda a reformulação que ela exige. Acontece que esse prazo acaba de ser encurtado e a necessidade de mudanças tornou-se mais premente. O governador Elmano de Freitas (PT), sobre cuja cabeça recaem as pressões mais diretas - e justas, considerando que as pessoas o escolheram acreditando nas soluções que apresentou para os problemas - demonstrou seu incômodo com os resultados na área ao trocar o secretário. Sabe ele, portanto, que sua gestão precisa de uma melhor performance, começando por uma capacidade maior de se antecipar às situações. Não podemos continuar chegando sempre depois que as tragédias aconteceram, que as famílias já choram a perda de seus entes, incluindo gente que não tem qualquer vínculo com grupos criminosos e, para ampliar a revolta de todos, até inocentes crianças. A barbárie tem que acabar e, reflitamos sobre isso, a tarefa é do governo instituído, mas não apenas dele. No campo político, por exemplo, até quem faz oposição a Elmano de Freitas deve entender qual o papel que lhe é destinado numa hora dessas. Não é, com certeza, tocar fogo no cenário, tirar proveito, aproveitar para gerar mais desgastes, além daquele que os fatos naturalmente determinam. Isso apenas aumenta o medo e o pânico na população, convenhamos, o que não pode ser de interesse de ninguém que tenha responsabilidade pública, esteja na situação ou na oposição. Não há trégua a cobrar, críticas podem

- e devem - ser feitas, da mesma forma que as exigências por melhorias são quase que uma imposição da realidade. O que deve haver, repita-se, é compromisso real com a tranquilidade dos cearenses, mantendo o problema no tamanho que ele tem, já sufi cientemente grande, e, do ponto em que estiver localizado, inclusive politicamente, entender de que forma pode ajudar no encaminhamento das soluções. Depois falamos de política e especialmente de eleições, inclusive em relação aos desgastes que o quadro desse momento impõe aos envolvidos. Todos eles. 


FONTE: JORNAL O POVO 24 DE JUNHO DE 2024 EDITORIAL PAGINA 22


Fotos acima são meramente ilustrativa 

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