Segurança Pública do Ceará: Estratégia de combate

Decorridos quinze dias das mudanças nas estratégias de combate à criminalidade no Ceará, não poderiam ainda surgir os sinais de eficácia resultantes da nova metodologia de enfrentamento da violência. De fato, o tempo transcorrido é insuficiente para produzir os efeitos desejados contra a instabilidade social.

Esperam-se, contudo, ações de impacto para demonstrar aos grupos de celerados as mudanças concebidas e para eles voltadas, com prioridade, unificando as atuações das Polícias Civil, Militar e do Corpo de Bombeiros, formando uma frente única contra o crime. A nova sistemática de trabalho representa avanço e a ela devem ser oferecidas todas as modalidades de apoio para a reversão da insegurança reinante.

Os quatro mil homicídios registrados no decorrer de 2013, no Estado, denota a inviabilidade do plano anterior de prevenção contra a criminalidade, o uso indiscriminado de armas e munições por toda parte e o destemor da bandidagem diante do aparato legal da segurança pública. A presença do policiamento legal já não inibe as ações deletérias contra a vida, o patrimônio e a lei.

Demonstração clara dessa desordem gritante se projeta no número de delitos registrados no decorrer de 2013, pontificando a Região Metropolitana como o principal foco dessas práticas dolosas, com 2.745 assassinatos, sendo 1.998 dos quais em Fortaleza. O mais grave nessa realidade inaceitável é a célere eliminação física da clientela inadimplente com os débitos das drogas.

O contingente de jovens vítimas de homicídios dolosos, em 2013, se aproxima de 300 crimes arrolados à conta de autores desconhecidos. A esses, a Justiça jamais poderá estender seus tentáculos pela impossibilidade de tramitação dos processos judiciais. O poder público, com os sofisticados recursos disponíveis na contemporaneidade, não consegue penetrar nesse mundo inviolável.

Embora esse caminho não tenha volta, é cada vez mais crescente a adesão dos adolescentes ao mundo das drogas. Boa parte deles resultantes de lares em conflito, o mais comum é a constatação do círculo vicioso, onde o jovem, sem orientação educacional seguro e engajamento em qualificação profissional, começa pelos pequenos furtos, em casa, para aquisição das drogas.

A experiência tem demonstrado a necessidade do enfrentamento dos tóxicos por grupos distintos da sociedade civil, formados por educadores, religiosos e líderes empresariais, em apoio adicional ao trabalho preventivo do aparelho policial. Ao mesmo tempo, é imprescindível a ampliação do número das escolas de tempo integral, que tenham currículos diversificados nos quais predominem profissões mais atrativas.

A estrutura operacional da Segurança Pública está funcionando dentro do modelo anunciado no final da primeira quinzena de dezembro passado. Como a adaptação à nova metodologia dos registros criminais exige tempo e mudanças na burocracia interna, seus efeitos irão revelar, em breve, se haverá vantagens. Se forem significativas, ganha o Ceará; se houver retrocesso, pelo menos, se tentou modificar para melhor.

De mais positivo nesse plano de trabalho aparece o entrosamento articulado entre as Polícias Militar e Civil, incorporando-se o Corpo de Bombeiros como suporte auxiliar. Com a iniciativa, afastam-se, cada vez mais, as indisposições outrora registradas entre as duas corporações. O trabalho é um só, em defesa do cidadão desarmado, diante de tantos riscos. Vale experimentar.

DIÁRIO DO NORDESTE

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