Moradores relatam medo da Polícia e das gangues
Relatos de violências policiais e decorrentes de conflitos entre grupos rivais são comuns no Barroso. O POVO visitou o bairro e conversou com moradores, que relataram ainda a falta de serviços básicos na região
No Barroso, são muitos os relatos de abusos policiais e de violências decorrentes de conflitos entre grupos rivais. “Eles (PMs) invadem a casa da gente em plena meia-noite, sem mandado (de busca e apreensão) nem nada”, diz uma das moradores do bairro, que fica na área da Regional VI. “Quando eu vejo um policial, tenho medo”, conta outra.
O POVO percorreu ruas do bairro ontem e conversou com mais de 20 moradores. Ninguém se identifica. Há o receio de investidas em troca. “Ninguém deve nada a policial, seja inocente ou bandido. Quando deve, deve é à justiça. Então, eles não têm que matar. Têm é que prender! Mas parece que Polícia não recebe ordem pra prender. É pra matar logo”.
A rotina é sobressaltada. Há ruas em que não se pode transitar. O vai-e-vem é definido pelas gangues. “Todo dia morre gente aqui. Todo dia. Ontem (terça, 18) mesmo mataram dois lá na (comunidade da) Babilônia! Muita gente aqui anda armada porque, do nada, aparece carro preto aqui que baixa o vidro e começam a atirar. Muito inocente já morreu assim por aqui.”
No Barroso, percebe-se a ausência do poder público das mais variadas formas. Para além da insuficiência policial na contenção dos conflitos territoriais, há, ainda, a lacuna de outros serviços básicos governamentais. Há ruas sem calçamento, praças desabitadas, canais cujo espelho d’água é só mato, quadras com traves sem redes.
Há o vazio de grandes empreendimentos comerciais. O bairro é tomado por pequenos pontos, principalmente mercadinhos. Quase todos cercados por gradis. Há obras de saneamento iniciadas e não acabadas. Há a amargura pelas promessas pouco concretizadas no correr dos anos.
Outro lado
Mesmo assim, há ruas tomadas de crianças. Há meninos empinando pipas com estampa da bandeira do Brasil e moradores jogando carteado na calçada. Há o dindin a R$ 0,40. Há infâncias penduradas na varanda em forma de bonecas. Há ruas transformadas em letras e números; com os nomes de Amigos, Esperança e Unidos Venceremos. Há o bom humor e o sorriso.Outro lado
Há o desejo de um futuro menos sanguinolento. “Apesar dos pesares, aqui é o melhor conjunto que tem pra pobre! Só falta um mercado, um banco e uma boa escola. Mas o resto é bom. Porque bandidagem tem em todo canto. Até no céu”, sentencia um morador.
Saiba mais
Perfil do bairro Barroso
Área:
3,68 km²
População:
24.116 habitantes
Escolas municipais:
EMEIF Otávio de Farias
CEI Nossa Senhora de Guadalupe
EMEIF Sinó Pinhero
EMEIF Infante Paulo Sergio Sousa Lira
Postos de saúde:
CSF Waldo Pessoa (Rua Cap. Hugo Bezerra, 75 - Barroso)
Hospital: nenhum
Recursos hídricos:
Canal do Jardim Violeta - Barroso
Canal do Conjunto 03 de Junho - Barroso
Praças:
Praça Lago Azul - Rua Cap. Hugo Bezerra - Barroso
Praça Barroso II - Rua G - Barroso
Praça Jardim Violeta - Rua Cap. Waldemar de Lima – Barroso
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