O assassinato de uma jovem grávida de três meses, na noite do último sábado, em Messejana, comove os cearenses, mesmo com as barreiras psicológicas que se erguem como autoproteção emocional para quem é acossado pela repetição cotidiana e quase banal da violência assassina. Trata-se do sétimo assassinato decorrente de assaltos, nos últimos 21 dias, em Fortaleza.
Desta vez foi a auxiliar de enfermagem Antônia Sheyla Nunes da Silva, baleada mortalmente quando tentava escapar de um assalto, no momento em que dirigia seu veículo pelas ruas de Messejana. O modus operandi dos criminosos repete-se ad nauseam, em Fortaleza, sem que as forças de segurança tenham conseguido articular uma estratégia capaz de dificultar esse tipo de investida criminosa.
A desculpa de que a polícia não tem o dom da onipresença não deve ser absolutizada. Já se tem o padrão da ação criminosa e o tipo de veículo utilizado: a motocicleta. Não é impossível vigiar as vias de acesso a determinadas áreas e fazer abordagens preventivas e sistemáticas a esse tipo de veículo. Evidentemente, surgirão pressões de incomodados com esse tipo de foco, mas, nesses casos, o interesse coletivo deve estar acima do segmental. Os assaltantes precisam sentir dificuldades em se deslocar através desse tipo de veículo. É preciso saturar a Capital com ações preventivas e permanentes desse tipo, aprimorando cada vez mais o planejamento cartográfico de modo a identificar as entradas e saídas estratégicas de cada área e confrontar os resultados.
É difícil estabelecer esse planejamento de modo a pressionar os criminosos? Ninguém diz que não é. Mas, é factível, não se trata de nada absurdo, desde que haja empenho, planejamento e motivação por parte dos executores. Não deve ser uma cobertura de caráter burocrático, mas algo vivo, dinâmico, com metas bem definidas e com aprimoramento contínuo.
Isso exige uma coordenação específica, o que não quer dizer compartimentada, pois um desafio dessa magnitude não pode ser levado avante sem o concurso de outros segmentos correlatos (não só órgãos de inteligência) e, principalmente, sem a participação da comunidade. Mas, não há desculpas para que não seja empreendido o quanto antes.
FONTE: JORNAL O POVO
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