PM RJ: Batalhão de Grandes Eventos troca comando, mas problemas persistem

  Policiais usam as redes sociais para reclamar da falta de estrutura no BPGE


Policiais usam as redes sociais para reclamar da falta de estrutura no BPGE


Uma semana depois da Polícia Militar do Rio de Janeiro anunciar a troca de comando no Batalhão de Policiamento de Grandes Eventos (BPGE), policiais usam as redes sociais para reclamar da mudança e exaltar o trabalho do ex-Comandante, o tenente-coronel Wagner Villares de Oliveira, que abandonou o cargo a poucos dias da Copa do Mundo e foi substituído por seu subcomandante, o tenente-coronel Heitor Henrique Pereira. Policiais da tropa, que pediram para não revelar as suas identidades, disseram essa semana que Villares defendia os PMs e muitas vezes enfrentou a cúpula da corporação buscando melhores condições de trabalho, enquanto o novo comandante sempre foi conhecido no batalhão como "carrasco".
"A tropa esta insatisfeita, pois atuamos com equipamentos pesados, quentes, não estamos aguentando mais a carga de trabalho dia sim, dia não. Chegamos a ficar em pé por até 10 horas, com um peso acima do tradicional, caminhamos em manifestações até 10 km.", desafaba um dos policiais ao Jornal do Brasil. Um PM, que tem 9 anos na corporação, contou que os policiais estão trabalhando de forma excessiva até nos fins de semana, mesmo quando não há manifestações na cidade. "Estamos sendo vendidos. O coronel Heitor vende o policiamento para os P3 de outros BPM, coloca os seus policiais patrulhando em frente a shopping, centro comercial. Se somos de Grandes Eventos, teríamos que ser usados em eventos como futebol, de praia, shows, manifestações", observa o policial.

O PM destaca que o problema fundamental está nas condições de trabalho e enumera as deficiências no batalhão: "em fevereiro, o ônibus que transportava a tropa estava sem ventilação e com o vidro da frente quebrado, a água do nosso bebedouro não é própria para consumo, não há cama para todos, apenas para aquele que moram no interior do estado. O batalhão recebeu 30 camas novinhas, mas somos 200 homens, dormimos no chão e amontoados", conta o policial do BPGE. 
Com relação ao novo comandante do batalhão, o PM contou que a tropa não aprovou a mudança e acredita que a situação deles pode ficar ainda pior. "Esse atual [comandante tenente-coronel Heitor Henrique Pereira] todos estão insatisfeito. Ele tem o dom da palavra e na tropa 70% é de PMs novatos, que aceitam tudo. E inexperientes. Já piorou, todo fim de semana estamos escalados, sem acontecer nada no Rio de Janeiro, ficamos jogados", contou o PM, dando exemplo do seu último plantão, que ele "pegou" às 10h e ficou em pé até às 23h em um patrulhamento. De acordo com o regulamento da PM, o policial em serviço teria que cumprir 8h, em patrulhamento a pé, e 12 h, motorizado. 
O policial ainda levantou outra questão que tem causado polêmica no batalhão. "Eles estão proibindo soldados de andar armados, fardado. Se um policial presenciar um assalto, nada pode fazer. Antes desse comando já existia essa orientação, mas mesmo assim muitos soldados saiam armados. Agora, se for [armado] é anotado".
Quanto aos treinamentos da tropa do BPGE para atuar na Copa do Mundo e Olimpíadas anunciados com grande ênfase pelo governo do estado, o policial disse que somente em outubro aconteceu um "estágio" de quatro dias e "mais nada". Segundo ele, as aulas eram básicas, de como utilizar um bastão, um escudo. Ele considera que o trabalho do batalhão é uma "maquiagem" para seguir manifestantes. "Uns 50 homens do BPGE realmente são treinados, faixa preta e alguns até tem prática em artes marciais. Mas eles são uma equipe. Os demais 500 PMs não são nada, há obesos, inaptos, mulheres, e há policiais que não sabem nada, apenas patrulhar e resolver ocorrências policiais, como é o meu caso", afirma ele, ratificando que a tropa não está preparada para a missão que o governo está divulgando.




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