O assassinato de políticos e o tempo resposta


 Muito justa, em princípio, a cobrança que tem sido feita por figuras proeminentes do PL cearense, com destaque para o deputado federal André Fernandes, para que sejam esclarecidas as circunstâncias em que se deram os homicídios contra dois correligionários seus no Interior: Erasmo Morais, vereador no Crato, e Sargento Gleison, pré candidato à prefeitura de Icó. Até pelos sinais de que o governo, até agora, reagiu aos eventos excepcionais numa postura abaixo do que as necessidades apontavam.

Estamos às portas de uma eleição municipal, com todas

as implicações históricas que o momento proporciona ou projeta, e as autoridades constituídas da época devem ser as primeiras interessadas que tudo ocorra dentro da normalidade possível. Em especial na área da segurança, o que passa por investigar a fundo cada episódio que apresente

potencial de tirar as coisas do rumo, inclusive na perspectiva de esclarecer o peso político de cada um deles.

O bom senso recomendaria calma e paciência para que tudo fosse apurado no seu ritmo certo, sem pressa e sem pré julgamentos. De minha parte, por exemplo, costumo esperar por um pouco mais de informações antes de ter conclusões mais claras nas situações de violência que têm jornalistas ou profissionais de comunicação em geral como vítimas, não necessariamente fatais. Ou seja, a hipótese de a situação eventualmente não ter relação direta com uma atividade laboral ou política precisa sim ser considerada, não há erro ou dolo nisso.

O que acontece é que o governo estadual demonstra-se muito protocolar, cuidadoso além do extremo, numa situação que exigiria mais atitude e atenção da parte dele. Não é trivial que no curto período de apenas 12 dias, três eventos criminosos resultantes de violência contra políticos - incluída a morte violenta do vereador de Camocim, César Veras - tenham

acontecido em áreas diferentes do Ceará. Considerar a perspectiva de nada ter a ver com a atividade política das vítimas, para mim, torna ainda mais necessário que as investigações tenham celeridade e apontem suas conclusões o mais cedo possível.

Até porque, este é outro lado ruim da história, já se começa a tentar juntar peças que ninguém pode ter certeza se faz sentido colocá-las agora uma ao lado das outras, para, por exemplo, ressaltar que os dois casos mais recentes envolvem políticos que fazem oposição local aos prefeitos. E, ao governo do Ceará no plano estadual. É só ver as redes sociais do André Fernandes já citado acima, onde a pressa em apontar o dedo em direção aos culpados até encobre uma ação mais solidária pela perda de um companheiro de luta, correligionário certamente, que deveria prevalecer antes de qualquer esforço de justiçamento político. Ou, se quiserem, de mero oportunismo.

Coluna opinião Jornal o Povo  12 de maio de 2024

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