A segurança pública: Indicadores e reflexão


A Segurança pública está no topo das preocupações dos eleitores que irão às urnas em novembro próximo. Mesmo que o tema seja afeito aos governos

estaduais, que têm o comando das polícias, as pessoas que vivem em terrível sensação de insegurança, querem ver resolvido o problema, cobrando solução indistintamente das autoridades. Por outra vista, prefeitos, governos estaduais e o Palácio do Planalto já compreenderam que a equação continuará aberta se não houver um trabalho conjunto entre as três esferas de poder, União, estados e municípios, com a participação de outras instituições, como a Justiça, da sociedade civil e de universidades, que estudam o tema.

No entanto, a forma como esse trabalho

será realizado ainda não foi defi nido. Nem mesmo se será possível, em vista da fragmentação das políticas de segurança em cada unidade federativa e do temor de alguns governadores de perder a governança sobre assuntos sob sua responsabilidade. Pesquisa do instituto Datafolha, contratada pelo O POVO — divulgada na edição de 29 de junho —, mostra que 44% dos moradores de Fortaleza, frente à pergunta “Qual o principal problema da cidade hoje?”, responderam com temas que envolvem insegurança, violência e criminalidade. Em seguida, em posições distantes, aparecem saúde (17%); assuntos ligados à mobilidade, como má conservação de calçadas e vias (12%) e limpeza urbana (6%). Ou seja, o fortalezense está com medo.

Essa introdução vem a propósito de um primeiro e parcial balanço a respeito das novas medidas adotadas pelo governador Elmano de Freitas (PT), depois que assumiu o novo titular da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), Roberto Sá, no dia 3 de junho. Segundo balanço divulgado pelo SSPDS, considerando-se todo o Estado, houve queda de 14,4% de roubos no mês de junho. Foram 3.003 crimes violentos contra o patrimônio (CVP), ante 3.509 no mesmo período do ano passado. Em relação a Fortaleza a redução foi de 9,7%. No acumulado do semestre houve queda de 10,6% dos CVP. No entanto, houve aumento de 4,93% no número de furtos em 2024. Nos seis primeiros meses deste ano foram listados 29.716 crimes dessa natureza, comparados a 28.319 em 2023.

Ressalte-se que o balanço inclui o período anterior às mudanças efetuadas na pasta. Além disso, o período de aplicação das novas medidas é muito escasso para uma análise aprofundada. Portanto, os números anunciados precisam ser vistos a partir dessa perspectiva, evitando-se comemorações antecipadas ou críticas açodadas. Resultados na área da segurança pública não vão aparecer da noite para o dia. É de se imaginar que o governador Elmano de Freitas tenha consciência de que as medidas que vêm adotando — ainda que sejam corretas —, são insufi cientes para resolver problema de tal complexidade, sendo preciso uma organização nacional para efetuar esse embate. Mesmo porque o crime organizado, que avança celeremente, não respeita as divisas dos estados. 

Fonte: Jornal o Povo edição de 10.07.2024 página 16

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