A sociedade em geral não está muito preocupada com o que acontece dentro
dos presídios, a não ser quando ocorre uma rebelião ou alguma
instituição vira notícia ruim. Episódios emblemáticos revelam o extremo
da violência que acontece nas unidades prisionais. Contudo, não se trata
de situações isoladas ou criadas dentro das unidades carcerárias.
Uma série de fatores contribui para o agravamento da questão. A infraestrutura deficiente, a lotação e a fragilidade dos programas de ressocialização colocam em xeque a eficiência do sistema prisional. No Espírito Santo, a falta de unidades para atender à demanda motivou o poder público a utilizar contêineres para abrigar presos. No Maranhão, vídeos mostram detentos decapitados. Em São Paulo, há 21 anos uma briga entre presos resultou no Massacre do Carandiru, onde 111 detentos morreram.
No Ceará, em 2014 o sequestro do então arcebispo de Fortaleza, dom Aloísio Lorscheider, completa 20 anos. Na ocasião, 14 detentos fizeram reféns para fugir do Instituto Penal Paulo Sarasate (IPPS), hoje desativado. O local será demolido, mas histórias de violência, resignação e morte continuam desenhadas nas celas e presentes no imaginário de trabalhadores, agentes carcerários, familiares, voluntários e dos presos que passaram pelo local.
Nos últimos 20 anos, a realidade nos presídios cearenses mudou, mas as carências continuam. Em cinco anos, a população carcerária cresceu 51%, passando de 12,7 mil para 19,3 mil presos. Somente no ano passado, 7.000 pessoas ingressaram no sistema penal, segundo dados da Secretaria da Justiça e da Cidadania do Estado (Sejus). Mas o inchaço não é fruto de simples equação entre demanda e número de vagas. Fortaleza convive com cotidiano crescente de violência. Quando as ocorrências surgem a partir da ação de adolescentes e mesmo crianças, significa que o problema é também de ordem social, haja vista os Centros Educacionais também lotados e com altos índices de reincidência.
No Ceará, menos de 15% dos presidiários trabalham. Em obras públicas, em fábricas e na confecção de joias e artesanatos, presos do regime fechado e semiaberto são escalados para trabalhar, mas trata-se mais de uma ação simbólica do que de efeito na socialização em massa.
Esse papel, ativa e lentamente, é cumprido por igrejas e instituições sem fins lucrativos que atuam nos presídios. Para operar, esses grupos precisam de segurança e projetos sociais. Mas, com ambientes de tensão e saúde precária, os voluntários se esquivam. Os resultados são a ociosidade e a manutenção no envolvimento com o crime e a violência.
Diante do quadro, a prisão, que deveria ser ferramenta de sanção e ressocialização, comporta uma escola de aperfeiçoamento do crime. Há um declínio social em cadeia: jovens convivendo com a criminalidade em casa ou na rua, mulheres cúmplices que findam por ser presas ao levar droga ou celular para as prisões e homens que comandam ações de dentro dos presídios.
Dessa forma, o espaço que surgiu para substituir torturas públicas e para sedimentar a administração do sistema carcerário dificilmente comporta um de seus papéis principais, que é reinserir o ex-preso na sociedade. Faltam investimento e, principalmente, comprometimento com a causa social. A ideia não é simplesmente tornar o ambiente prisional melhor, mas trabalhar a prevenção e evitar o envolvimento inicial com o crime desde a infância e adolescência.
Uma série de fatores contribui para o agravamento da questão. A infraestrutura deficiente, a lotação e a fragilidade dos programas de ressocialização colocam em xeque a eficiência do sistema prisional. No Espírito Santo, a falta de unidades para atender à demanda motivou o poder público a utilizar contêineres para abrigar presos. No Maranhão, vídeos mostram detentos decapitados. Em São Paulo, há 21 anos uma briga entre presos resultou no Massacre do Carandiru, onde 111 detentos morreram.
No Ceará, em 2014 o sequestro do então arcebispo de Fortaleza, dom Aloísio Lorscheider, completa 20 anos. Na ocasião, 14 detentos fizeram reféns para fugir do Instituto Penal Paulo Sarasate (IPPS), hoje desativado. O local será demolido, mas histórias de violência, resignação e morte continuam desenhadas nas celas e presentes no imaginário de trabalhadores, agentes carcerários, familiares, voluntários e dos presos que passaram pelo local.
Nos últimos 20 anos, a realidade nos presídios cearenses mudou, mas as carências continuam. Em cinco anos, a população carcerária cresceu 51%, passando de 12,7 mil para 19,3 mil presos. Somente no ano passado, 7.000 pessoas ingressaram no sistema penal, segundo dados da Secretaria da Justiça e da Cidadania do Estado (Sejus). Mas o inchaço não é fruto de simples equação entre demanda e número de vagas. Fortaleza convive com cotidiano crescente de violência. Quando as ocorrências surgem a partir da ação de adolescentes e mesmo crianças, significa que o problema é também de ordem social, haja vista os Centros Educacionais também lotados e com altos índices de reincidência.
No Ceará, menos de 15% dos presidiários trabalham. Em obras públicas, em fábricas e na confecção de joias e artesanatos, presos do regime fechado e semiaberto são escalados para trabalhar, mas trata-se mais de uma ação simbólica do que de efeito na socialização em massa.
Esse papel, ativa e lentamente, é cumprido por igrejas e instituições sem fins lucrativos que atuam nos presídios. Para operar, esses grupos precisam de segurança e projetos sociais. Mas, com ambientes de tensão e saúde precária, os voluntários se esquivam. Os resultados são a ociosidade e a manutenção no envolvimento com o crime e a violência.
Diante do quadro, a prisão, que deveria ser ferramenta de sanção e ressocialização, comporta uma escola de aperfeiçoamento do crime. Há um declínio social em cadeia: jovens convivendo com a criminalidade em casa ou na rua, mulheres cúmplices que findam por ser presas ao levar droga ou celular para as prisões e homens que comandam ações de dentro dos presídios.
Dessa forma, o espaço que surgiu para substituir torturas públicas e para sedimentar a administração do sistema carcerário dificilmente comporta um de seus papéis principais, que é reinserir o ex-preso na sociedade. Faltam investimento e, principalmente, comprometimento com a causa social. A ideia não é simplesmente tornar o ambiente prisional melhor, mas trabalhar a prevenção e evitar o envolvimento inicial com o crime desde a infância e adolescência.
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