Ceará: 37.474 assaltos em 2013


Na rua Quintino Cunha, no bairro Jardim América, não se fala em outra coisa. Na última terça-feira, por volta das 15h30min, três assaltantes armados com revólver invadiram uma casa. A dona, uma senhora, estava sozinha e foi feita refém. Os bandidos trancaram a mulher no banheiro e reviraram guarda-roupa, armários e gavetas. Depois de ameaçar a vítima para que não acionasse a Polícia, o grupo fugiu levando objetos de valor e o carro que estava na garagem.
Os assaltantes acabaram levando também o sossego da família e de toda a vizinhança, que está se sentindo acuada, com medo de ser o próximo alvo. Segundo os moradores, de outubro do ano passado pra cá, quatro casas, no intervalo de dois quarteirões, foram invadidas por bandidos. A suspeita deles é de que seja uma quadrilha só, já que as ações tiveram características semelhantes, sempre no período da tarde.
A princípio, parece muita ousadia um mesmo grupo ficar assaltando várias casas numa mesma rua, em um curto intervalo de tempo. Até porque, numa situação dessa, o certo era a Polícia investigar, identificar a quadrilha e prender os envolvidos. Ou pelo menos intensificar, de verdade, o policiamento na área.
O fato é que, quando o assunto é segurança pública, não se pode duvidar de nada nessa cidade. Também não é ousadia dos assaltantes roubarem motoristas, apontando uma escopeta calibre 12, em plena avenida Padre Antônio Tomás? Ou uma dupla armada invadir sala de aula de um curso em um prédio em frente à sede da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS)? As duas ocorrências, noticiadas no O POVO, também foram registradas esta semana.
A sensação que fica é de descrença na Polícia. Dá pra sentir prazer em morar numa cidade em que, a qualquer momento, a pessoa pode ser assaltada na rua, em sala de aula, no trabalho, dentro do ônibus ou mesmo em casa?
O problema é complexo e sei que não existe receita mágica. Mas os moradores de Fortaleza merecem voltar a se sentir minimamente seguros vivendo aqui. O desafio é grande em uma cidade que registrou, somente no ano passado, 37.474 assaltos (os chamados, na nova metodologia da SSPDS, de crimes violentos contra o patrimônio, que incluem casos de extorsão mediante sequestro e roubos a ônibus, a casa comercial, a instituição financeira, a residência, a transeunte e a veículo). Em 2012, foram 37.215. Lembrando que os números devem ser bem maiores porque muita gente nem se dá ao trabalho de registrar um Boletim de Ocorrência (BO).
A nova gestão da SSPDS aposta na política de metas para redução de crimes e de premiações a policiais que cumpri-las. Ainda é cedo para fazer uma avaliação, até mesmo porque os percentuais e valores nem foram ainda divulgados oficialmente. Mas, à primeira vista, parece pouco para o tamanho do problema (que envolve outras áreas, como educação, cidadania e lazer). Nos resta torcer para que, pelo menos, a sensação de insegurança dos moradores diminua. Ou isso acontece ou cada vez mais vai ter gente se escondendo das ruas ou mesmo pensando em deixar a cidade por medo de viver nela. O que é muito triste.

"Dá pra sentir prazer em morar numa cidade em que, a qualquer momento, a pessoa pode ser assaltada?"

"O desafio é grande em uma cidade que registrou, somente
no ano passado, 37.474 assaltos" 

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