Na rua Quintino Cunha, no bairro Jardim América, não se fala em outra
coisa. Na última terça-feira, por volta das 15h30min, três assaltantes
armados com revólver invadiram uma casa. A dona, uma senhora, estava
sozinha e foi feita refém. Os bandidos trancaram a mulher no banheiro e
reviraram guarda-roupa, armários e gavetas. Depois de ameaçar a vítima
para que não acionasse a Polícia, o grupo fugiu levando objetos de valor
e o carro que estava na garagem.
Os assaltantes acabaram
levando também o sossego da família e de toda a vizinhança, que está se
sentindo acuada, com medo de ser o próximo alvo. Segundo os moradores,
de outubro do ano passado pra cá, quatro casas, no intervalo de dois
quarteirões, foram invadidas por bandidos. A suspeita deles é de que
seja uma quadrilha só, já que as ações tiveram características
semelhantes, sempre no período da tarde.
A princípio, parece
muita ousadia um mesmo grupo ficar assaltando várias casas numa mesma
rua, em um curto intervalo de tempo. Até porque, numa situação dessa, o
certo era a Polícia investigar, identificar a quadrilha e prender os
envolvidos. Ou pelo menos intensificar, de verdade, o policiamento na
área.
O fato é que, quando o assunto é segurança pública, não
se pode duvidar de nada nessa cidade. Também não é ousadia dos
assaltantes roubarem motoristas, apontando uma escopeta calibre 12, em
plena avenida Padre Antônio Tomás? Ou uma dupla armada invadir sala de
aula de um curso em um prédio em frente à sede da Secretaria da
Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS)? As duas ocorrências,
noticiadas no O POVO, também foram registradas esta semana.
A
sensação que fica é de descrença na Polícia. Dá pra sentir prazer em
morar numa cidade em que, a qualquer momento, a pessoa pode ser
assaltada na rua, em sala de aula, no trabalho, dentro do ônibus ou
mesmo em casa?
O problema é complexo e sei que não
existe receita mágica. Mas os moradores de Fortaleza merecem voltar a se
sentir minimamente seguros vivendo aqui. O desafio é grande em uma
cidade que registrou, somente no ano passado, 37.474 assaltos (os
chamados, na nova metodologia da SSPDS, de crimes violentos contra o
patrimônio, que incluem casos de extorsão mediante sequestro e roubos a
ônibus, a casa comercial, a instituição financeira, a residência, a
transeunte e a veículo). Em 2012, foram 37.215. Lembrando que os números
devem ser bem maiores porque muita gente nem se dá ao trabalho de
registrar um Boletim de Ocorrência (BO).
A nova gestão da
SSPDS aposta na política de metas para redução de crimes e de premiações
a policiais que cumpri-las. Ainda é cedo para fazer uma avaliação, até
mesmo porque os percentuais e valores nem foram ainda divulgados
oficialmente. Mas, à primeira vista, parece pouco para o tamanho do
problema (que envolve outras áreas, como educação, cidadania e lazer).
Nos resta torcer para que, pelo menos, a sensação de insegurança dos
moradores diminua. Ou isso acontece ou cada vez mais vai ter gente se
escondendo das ruas ou mesmo pensando em deixar a cidade por medo de
viver nela. O que é muito triste.
"Dá pra sentir prazer em morar numa cidade em que, a qualquer momento, a pessoa pode ser assaltada?"
"O desafio é grande em uma cidade que registrou, somente
no ano passado, 37.474 assaltos"
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