Segurança Pública é problema só de governadores?

   

“Depois de várias eleições para governador, a segurança pública volta a ser tema eleitoral em 2014. A transferência do corredor de exportação do sudeste para o nordeste (ligação com a África Ocidental) e daí com a Europa, aumentou muito os índices de homicídios no nordeste e reduziu no sudeste. Na medida em que a mídia nacional está no sudeste, criou-se uma sensação de que a segurança pública avançava.”
De fato, se compararmos, houve sim um deslocamento da criminalidade, facilmente observável no Mapa da Violência, no sentido sul/norte. Nesse processo, o Nordeste disparou em todos os índices de mortes violentas. Na região, o Ceará se destaca atualmente como o Estado onde a curva crescente do crime é mais acentuada.
Os governadores, Cid Gomes entre os quais, não cansam, com razão, de associar esse fenômeno ao tráfico. Além do atrativo geográfico, há também um ambiente propício aos “negócios” do crime organizado. Como a “oferta” de violência passa a ser maior do que a capacidade do aparato institucional para refreá-la (especialmente no Judiciário), a explosão de banditismo toma conta da região, com a consolidação de um poder paralelo atuando de dentro dos presídios.
De certa forma, nesse cenário, o papel dos governos estaduais se resume à luta para ver quem é o menor pior – campeonato em que a gestão cearense fica entre os últimos.
E aí vem a questão: Se o problema se apresenta em locais diferentes do território nacional, variando a intensidade conforme as circunstâncias, fica evidente a existência de uma articulação organizada a partir de um ou mais centros de comando (são várias as facções atuando: PCC, ADA, Comando Vermelho e Terceiro Comando).
Como a legislação determina que a atividade policial fica a cargo dos governos estaduais, o pepino sobra para os governadores, enquanto o governo federal posa de instância superior pairando acima da incompetência deste ou daquele gestor. Não raro, usa essa condição para desgastar adversários (caso de São Paulo) ou para acudir aliados (caso do Maranhão).
Mais estranho ainda é ver que nenhum desses governadores abre a boca para falar sobre isso. Todos aceitam calados o açoite da opinião pública e da imprensa e do próprio ministro da Justiça, além de parlamentares que, atuando como meros espectadores do desastre, não buscam debater a situação a fundo, justamente para não assumir responsabilidades.
Em outubro, nas eleições presidenciais, a criminalidade que faz 50 mil vítimas fatais por ano no Brasil será apenas tema periférico na campanha presidencial. É possível que, mais uma vez, o centro das discussões seja as privatizações, assunto de impacto irrelevante para a vida das pessoas. Mas nas eleições estaduais, candidatos a governador estão afiados para prometer tempos de paz, projetando imagens que convença os eleitores de eles têm o perfil ideal para combater a violência com energia inédita, mesmo sabendo, desde já, que não resolverão coisa alguma. Quando muito, tentarão ser menos ruins que os antecessores e os vizinhos.

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