Vai ter Copa sim, infelizmente

  “Vai ter Carnaval, mas não vai ter Copa”, avisava grande faixa na abertura do Carnaval de rua do Rio de Janeiro, no último dia 12. No mesmo dia, a presidente Dilma Rousseff reagiu e postou no Facebook foto com a mensagem “vai ter Copa”. E o pior é que vai ter mesmo. Não a Copa prometida, aquela que seria o divisor de águas para o País, que traria nova realidade para a infraestrutura das cidades-sedes e que mostraria ao mundo a imagem de um Brasil crescido. Também não vai ser “a Copa de todo mundo” coisa nenhuma, como a míope publicidade ainda tenta nos fazer crer. Mas vai ter Copa.

A Copa de um País profundamente apartado, o que talvez fique ainda mais acentuado depois do evento. Quem quiser ter uma ideia, basta percorrer as ruas no entorno da Arena Castelão e ver que, em termos estruturais, nada vai mudar naquela área historicamente esquecida. Mas talvez saneamento básico, saúde, educação não tenham mesmo nada a ver com futebol. Para aquelas comunidades, o legado da Copa se resume a um estádio bonito, uma rotatória e uma avenida larga..

Conforme O POVO mostrou na última quarta-feira, o Castelão é a única obra concluída entre as sete previstas para Fortaleza de acordo com a matriz de responsabilidades para o Mundial, assinada há mais de quatro anos. Algumas intervenções não ficarão prontas até a Copa e outras continuam com a promessa de serem entregues em cima da hora - o que também é vergonhoso.

E seguem os entusiasmados discursos governistas de que esta será a “maior Copa de todos os tempos” e de que o Brasil está preparado para “receber todos de braços abertos”, mesmo que seus próprios habitantes sejam mal “recebidos” diariamente pelo Estado. E a proximidade com a eleição vai potencializar essa ladainha, aguardem. Tanto jogo de cena que nem todos os carretéis pintados pelo expressionista Iberê Camargo dariam conta de tamanha enrolação. Mas a presidente falou, meus caros, vai ter Copa.

O POVO

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