Sim, já era uma grande bobagem criticar o ranking das cidades mais violentas do mundo elaborado pela organização governamental mexicana “Conselho Cidadão para a Segurança Pública e Justiça Penal”. Mais ainda após a divulgação de um ranking bastante parecido elaborado pelo “Escritório sobre Drogas e Crimes”, órgão técnico da respeitada ONU.
A coisa toda é muito simples. Tanto um levantamento quanto o outro bebem na mesma fonte. Ou seja, as pesquisas baseiam seus números na apuração que é feita junto às instituições oficiais responsáveis em cada estado de cada país pelas estatísticas da violência. Mais precisamente, o número de homicídios.
Aguardem: a próxima edição do “Mapa da Violência”, trabalho meticuloso elaborado ano a ano pelo Instituto Sangari, também chegará às mesmas conclusões dos dois rankings. Procurem a tabela com o ranking das capitais. Fortaleza estará lá, bem no topo.
Quem ainda nutrir dúvidas é só acessar via internet o Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública, o Sinesp. Trata-se do primeiro banco de dados on-line (www.sinesp.gov.br) em que é possível comparar os indicadores criminais oficiais dos 26 estados e do Distrito Federal.
A crítica à ONG mexicana era algo ignóbil. Desprezível. O argumento principal para tentar descredenciar a ONG mexicana baseava-se no fato de ela ser – ora vejam - mexicana. Ou seja, por ter sido produzido em um país com características sociais e econômicas parecidas com o Brasil, o ranking não seria confiável.
Estamos como estamos. Para lamento de todos os cearenses, o índice de homicídios de Fortaleza nos coloca no topo de qualquer lista que se produza aqui e alhures. Aqui, mata-se a rodo. Mata-se aos borbotões. E ainda não há indicadores de que haverá quedas significativas nos índices.
O argumento do tráfico de drogas como principal responsável pela epidemia de assassinatos deve sim ser levado em consideração, mas também precisa ser provado. E se algum estudo confiável chegar a essa conclusão, em nada diminuirá a responsabilidade das instituições públicas no combate ao crime.
É claro que o tema será campeão de citações na disputa eleitoral que se avizinha. Não será a primeira vez. Em 2006, Cid Gomes colocou a violência como um de seus temas favoritos para combater o candidato Lúcio Alcântara, o governador de então.
Os índices de agora serão mote eleitoral dos candidatos de oposição. É bom que os eleitores fiquem atentos. Já se sabe que há um problema muito grave. Sendo assim, espera-se que os candidatos apresentem boas ideais. E, nessa área, boas ideias e bons projetos são aqueles que já alcançaram sucesso em outras cidades e estados.
Em segurança pública, invencionices que saem da cabeça de marqueteiros ou de gente sem vivência na área não costumam funcionar. Pelo contrário. Desorganizam o sistema e ajudam a gerar uma explosão nos índices de criminalidade.
FONTE: JORNAL O POVO
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