Nos primeiros meses de 2014, 434 jovens foram assassinados no Ceará, de acordo com a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), o que representa uma média de 100 assassinatos por mês. Um dos casos, ocorreu na quinta-feira (8). Mulller de Oliveira Andrade, de 25 anos, estava em um bar no Bairro José Walter, em Fortaleza, quando foi morto com um tiro.
Os pais do jovem dormiam quando receberam uma ligação telefônica. Quando chegaram ao local, Muller já estava morto. “Era uma pessoa boa, maravilhosa. Um filho que, para mim, era tudo”, diz o vendedor José Andrade, pai de Muller. O casal ainda não sabe o que motivou o crime. No domingo (12), Dia das Mães, outra mãe chorou a morte de um filho. Douglas William de Oliveira, de 15 anos, foi assassinado a tiros em um campo de futebol.Segundo a Delegacia de Homicídios, apenas nesta segunda-feira (12), sete assassinatos foram registrados em Fortaleza. Um dos casos ocorreu no Bairro Barra do Ceará. As vítimas estavam dentro de um carro quando foram surpreendidos por dois homens que efetuaram vários disparos. Raí Pereira Damasceno, de 17 anos, e Jesilano Lima Viana, de 19, morreram na hora.
De acordo com o juiz Manuel Clístenes de Façanha, da 5ª Vara da Infância e Juventude, 90% dessas mortes estão ligadas ao tráfico e consumo de drogas. “Hoje a droga que eles consomem é o crack e a cocaína. Um vício desse custa, para um jovem de classe humilde, de R$ 300 a R$ 400 por dia. Ele então não tem como manter [o vício] sem entrar para o mundo da criminalidade. Aí ele tem duas opções: ou vai para o tráfico de drogas ou vai praticar roubos e furtos. A maior parte pratica roubos. Quando ele ingressa nesse mundo da criminalidade, então ele já passa a ser um futuro alvo das pessoas que estão praticando esses homicídios, e passa, também, a ser um possível indivíduo que vai praticar crimes de homicídio”, diz.
Para o juiz, apenas as medidas socioeducativas não são suficientes para mudar essa realidade. É preciso mais investimento para diminuir esses índices. “A gente tem de ter um investimento muito sério, principalmente na Polícia Civil, na inteligência da Polícia. Tem que haver um combate efetivo ao tráfico de drogas. A curto prazo, a gente tem de ter um investimento no sistema carcerário e no Sistema Socioeducativo para poder tirar da sociedade esses indivíduos que estão praticando crimes desta natureza. A médio e longo prazo, a gente tem que pensar em ações voltadas para a prevenção nas áreas da saúde e educação, principalmente”, explica ele.
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