SEGURANÇA PÚBLICA: Não podemos ser reféns


Numa tentativa de evitar novos assaltos, o Banco do Brasil suspendeu os serviços de autoatendimento, durante os fins de semana, em três cidades do interior cearense: Banabuiú, Coreaú e Pedra Branca. Com as agências fechadas, não há como realizar saques, depósitos, transferências ou consultar saldos. Mesmo sendo um transtorno para os correntistas, a medida, que começou a vigorar há cerca de um mês, foi apoiada por boa parte dos moradores.

Viramos reféns dos bandidos. O Estado não consegue conter a violência e a população vai criando estratégias de sobrevivência. Na Capital, muitos taxistas têm evitado fazer corridas em algumas áreas consideradas perigosas. Lojistas fecham as portas mais cedo e põem grades no comércio. Cada vez mais, moradores deixam de sair de casa, se escondendo atrás de muros altos e cercas elétricas. Falta coragem para andar de bicicleta, pegar ônibus ou ir até a pracinha do bairro. O medo tem aprisionado as pessoas, que acabam se acostumando com essa situação.

O problema é que, quanto menos se vivencia a cidade, mais perigosa ela fica. Resolver a questão da violência suspendendo serviços ou mudando hábitos é um caminho arriscado. É um atestado de derrota, que só contribui para o aumento da criminalidade.

Fechar as agências aos fins de semana pode evitar a ação de quadrilhas, até porque os caixas eletrônicos vão estar sem dinheiro. Mas é ruim perder um serviço importante por causa da violência. Assaltos a banco são um crime antigo, que já poderia ter sido combatido.

Somente este ano, foram registradas 24 ações contra estabelecimentos bancários no Ceará. No ano passado, foram 95. Alguns municípios viraram alvo constante dos criminosos. O Banco do Brasil de Coreaú, por exemplo, foi assaltado três vezes somente em 2013.

Quem acompanha o noticiário policial percebe que o roteiro das ações é sempre parecido. A quadrilha, fortemente armada, sitia a cidade e se divide em dois grupos. Enquanto um enfrenta os policiais na sede do destacamento, o outro invade a agência. Em alguns casos, moradores são feitos reféns e os bancos são explodidos.

Mesmo com a recorrência dos crimes e as semelhanças no modus operandi das quadrilhas, raramente a Polícia consegue se antecipar e evitar a ocorrência. Falta policiamento nos municípios do Interior. E também um trabalho de inteligência mais eficiente, que consiga identificar e prender as quadrilhas, mapear rotas de fuga, investigar a origem das armas e dos explosivos usados nos ataques.

Os bancos, que sofrem prejuízos milionários com os assaltos, também poderiam contribuir mais, investindo em tecnologias. Por enquanto, há somente ações pontuais do Governo, mas nada que consiga frear a violência.

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