Ceara: Ordem para matar PMs partiu de dentro do presídio


Ordem para matar policiais militares teria partido de dentro de presídio
Três PMs foram assassinados a tiros, ontem. Motivação seria retaliação à morte de criminoso na região

Um tenente, um subtenente e um sargento da Polícia Militar do Ceará (PMCE) foram executados enquanto almoçavam em um estabelecimento comercial, no bairro Vila Manuel Sátiro, em Fortaleza ( Fotos: Kid Júnior )
00:00 · 24.08.2018 / atualizado às 00:41 por Emanoela Campelo de Melo - Repórter

Por volta de 13h30 de ontem, quatro homens chegaram ao bar em um veículo Volkswagen Voyage, de cor preta, e efetuaram uma sequência de disparos de armas de fogo. "Não houve chance para reação", contou um militar
A Segurança Pública contabilizou, ontem, mais uma ofensiva contra o Estado. Desta vez, o alvo do atentado foi um trio de servidores da corporação da Polícia Militar do Ceará (PMCE). De acordo com uma fonte oficial ligada ao setor de Inteligência da Polícia, que preferiu não se identificar, a ordem para os assassinatos dos policiais partiu de dentro de um presídio.

Um tenente, um subtenente e um sargento foram executados enquanto almoçavam em um estabelecimento comercial, no bairro Vila Manuel Sátiro, em Fortaleza. Segundo as informações apuradas pela reportagem, a Polícia Civil já teria conhecimento que as vítimas foram escolhidas exclusivamente por serem PMs.


"A ordem veio em uma ligação e foi por retaliação à morte de um criminoso. Foi avisado que tinha policial lá por perto e que era para matar. O que eu soube é que o Noé estaria envolvido nesse mando. Os presos comemoraram quando souberam que os militares tinham morrido", afirmou o oficial.

O 'Noé' que a fonte se refere é Noé de Paula Moreira, um dos líderes da facção criminosa Guardiões do Estado (GDE). Ele está preso desde o início deste ano, sob a suspeita de participar da Chacina das Cajazeiras - a maior matança da história do Ceará, com 14 vítimas.

Triplo homicídio
Por volta de 13h30 de ontem, quatro homens chegaram ao bar em um veículo Volkswagen Voyage, de cor preta, e efetuaram uma sequência de disparos de armas de fogo. "Não houve chance para reação. Não houve discussão, não houve briga. Chegaram e mataram", contou o tenente Mardônio Aguiar, da Reserva Remunerada da PMCE.

José Augusto de Lima, de 58 anos, Antonio Cezar Oliveira Gomes, 50, e Sanderley Cavalcante Sampaio, 46, não resistiram aos ferimentos e morreram ainda no local do crime. Augusto era sargento e Cezar, tenente. Ambos já estavam na Reserva.

Cavalcante era subtenente e o único que atuava no serviço ativo da Corporação. De acordo com a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), ele estava de folga.

O tenente Mardônio revelou que o Voyage foi abandonado na Avenida José Bastos e a quadrilha continuou a fuga em outro veículo. A Reportagem apurou que o automóvel apreendido tinha placa clonada e havia sido roubado há poucos dias. Já as armas utilizadas pelos criminosos eram pistolas.

O perito Rômulo Lima, que participava dos levantamentos acerca do triplo homicídio, informou que dois veículos foram localizados e passariam por perícia. O outro carro teria sido localizado em Maranguape.

Motivação
Investigadores contaram ao Diário do Nordeste que a ideia de executar policiais veio após a morte de um homem conhecido como 'Thales', em um confronto com a Polícia Militar, nas proximidades de onde aconteceu o triplo homicídio, na noite da última quarta-feira (22).

'Thales' era suspeito de envolvimento no assassinato de um outro subtenente. O PM Juciano de Lima Barbosa foi morto a tiros na noite de 29 de julho deste ano, em um bar em frente à sua residência, no bairro Vila Peri, na Capital. Dois homens que trafegavam em uma motocicleta cometeram o crime.

Durante o velório de Thales - que acontecia nas proximidades do trip

lo homicídio - criminosos teriam recebido a informação que PMs estavam em um bar na região e deviam morrer, como retaliação. "Esses policiais que morreram não tinham nada a ver com a morte do Thales. Podia ser qualquer policial que estivesse por ali", explicou a fonte.

Agressões à imprensa
No local das execuções, a angústia dos policiais que lá trabalhavam se transfigurou, por diversas vezes, em ações que desrespeitavam o trabalho da imprensa. Tentativas de retirar a reportagem do local sob escolta forçada, empurrões em fotógrafos e cinegrafistas e coação contra repórter, com a obrigação de apagar conteúdo registrado, foram algumas das ações presenciadas por esta Reportagem.

FONTE: DIÁRIO DO NORDESTE 

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