PCC na eleição: É bem maior que eu imaginava , afirma Coronel chefe da inteligência da PM


 PCC na eleição: ‘É bem maior do que eu imaginava’, afirma chefe da inteligência da PM

Chefe do Centro de Inteligência da Polícia Militar de São Paulo diz que criminosos buscam uma nova maneira de lavar dinheiro infiltrando-se nas campanhas para abocanhar contratos públicos

O coronel Pedro Luis Souza Lopes, chefe do Centro de Inteligência da Polícia Militar de São Paulo, afirmou que a instituição está preocupada com a infiltração da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) nas eleições municipais deste ano.

- [A participação] É bem maior do que eu imaginava. Não dá para falar de são 100, 200 municípios, mas tem vários com indícios palpáveis de alguma movimentação importante do tráfico participar como financiador de campanha eleitoral - disse Lopes.

A afirmação ocorreu nesta quinta-feira durante o 18 encontro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), em Recife.

Lopes disse que cidades menores e com menos infra-estrutura são as mais vulneráveis, mas evitou informar o número de municípios com suspeita da interferência da facção no pleito eleitoral.

Segundo ele, a partir de 2015, o PCC ampliou sua atuação no tráfico internacional de drogas e agora está buscando novas modalidades para a lavagem de dinheiro. O financiamento de campanhas e a participação em contratos públicos são algumas das possibilidades.

Segundo o chefe da inteligência da PM, já ocorreram reuniões com o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) para tratar do tema.

- O que está sendo tratado com o TRE e as legendas é que precisamos ser informados sobre qualquer tipo de ingerência ou manifestação que possa implicar em limitação do processo eleitoral em virtude de prática criminosa dessa natureza. Temos recebido bastante material por conta dessa interlocução - relatou.

Operação Decurio

Uma dos casos citados pelo coronel é a Operação Decurio, deflagrada na última semana pela Polícia Civil de São Paulo, que mostrou a tentativa do PCC de interferir na eleição, lançando candidatos aos cargos municipais.
Segundo investigadores, o núcleo político da organização criminosa era comandado por João Gabriel de Mello Yamawaki, um dos responsáveis pelo esquema de lavagem de dinheiro da facção. Ele é integrante do PCC e teve a prisão decretada.

Mensagens de WhatsApp interceptadas pela polícia e obtidas pelo GLOBO mostram essas tratativas. Em uma delas, Yamawaki ordena: “veja com o Gordo sobre as campanhas de vereadores”, reforçando na sequência que não deveria ter escrito isso, para evitar registros. Ele então lista as cidades que deveriam ser atendidas: Ubatuba, Mogi e Santo André. O interlocutor pergunta qual tipo de ajuda, ao que ele responde: “abrir as comunidades para fechar com as famílias. Dinheiro mais pra frente”.

Dois candidatos a vereador foram alvos da operação: um do União Brasil, em Mogi das Cruzes, e um segundo do PSD, em Santos André. Eles foram proibidos pela Justiça de se ausentarem das comarcas e devem se recolher em casa no período noturno, além de exercer cargo, emprego ou função pública ou mandato eletivo.

A operação bloqueou R$ 8,1 bi em bens e cumpriu 20 mandados de prisão temporária e 60 mandados de busca e apreensão, expedidos pela 2ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Direitos da Capital. As diligências foram executadas em São Paulo (capital), Mogi das Cruzes, Ferraz de Vasconcelos, Itaquaquecetuba, Guarulhos, Mauá, Santo André, São Caetano do Sul, Santos, Praia Grande, Mongaguá, Ubatuba, São José dos Campos, Campinas e Sorocaba.

Fonte: O Globo

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