Latrocínios em Fortaleza: sete casos em 21 dias

Em um intervalo de 21 dias, entre 17 de março e 6 de abril, sete pessoas foram mortas durante assaltos em Fortaleza. O caso mais recente foi no último sábado, quando uma mulher de 26 anos, grávida de três meses, foi baleada por assaltantes em uma rua no bairro Messejana.
Completam a lista de vítimas um delegado do Piauí de 33 anos; quatro estudantes universitários, com idades entre 19 e 32 anos; e um vendedor de 51 anos. Esse último teve a casa invadida por dois assaltantes, no bairro Parque Araxá, no último dia 21. Ao reagir, o comerciante foi imobilizado pela dupla e enforcado com um fio. Um dos acusados foi preso, confessou o crime e contou à Polícia que roubou R$ 5 para comprar uma pedra de crack.

O que está acontecendo em Fortaleza é muito grave. A população não pode aceitar e o poder público precisa agir. Trabalho desde 2009 na cobertura de segurança pública e não me recordo de terem ocorrido tantos casos de mortes durante assaltos como agora. O risco é esse tipo de crime se banalizar.

Casos mais antigos como o da empresária Marcela Montenegro, baleada durante assalto em 2010, e o do padre Elvis Marcelino, morto por assaltantes em julho do ano passado, causaram comoção e repercutiram na imprensa por meses. Nesses últimos dias, foram tantas ocorrências perto uma da outra que algumas das vítimas viraram apenas mais um número nas estatísticas.

Segundo dados divulgados no site da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), foram registrados pelo menos 20 latrocínios (roubos seguidos de morte) no Ceará nos três primeiros meses do ano. No mesmo período de 2013, foram oito. O aumento é de 150%.

Nos relatórios da Secretaria, os casos dos estudantes universitários e do delegado do Piauí que reagiu a assalto na Washington Soares aparecem como homicídio doloso (quando há intenção de matar) e não como latrocínio. Não sei se por uma questão técnica - os roubos acabaram não se concretizando - ou se porque os dados ainda são preliminares, conforme aviso no site.

O fato é que, somando esses casos, já são 26 pessoas mortas durante assaltos no Ceará este ano (até o dia 6 de abril). Apenas uma das vítimas é mulher. Nove são jovens (entre 19 e 29 anos) e 21 foram assassinadas a bala. Fortaleza concentra a maioria das ocorrências, 17. Na Capital, somente a Área Integrada de Segurança (AIS) 6, que abrange exclusivamente a faixa litorânea de Fortaleza (da Barra do Ceará ao Caça e Pesca), não registrou casos.

Não sei responder por que estamos tendo tantos latrocínios. São os assaltantes que agem sob efeito do crack? Os bandidos que não temem mais a Polícia e se confiam na impunidade? São as vítimas que estão reagindo mais?
Estamos vivendo em um estado de barbárie. Não é normal alguém matar uma pessoa para roubar R$ 5. Ou um estado registrar 1.238 assassinatos em três meses. Não defendo que se implante um clima de terror ou que as pessoas deixem de usufruir da cidade. Mas, diante dessa situação, também não é correto ficar omisso. Indignar-se e cobrar soluções é o mínimo que se pode fazer.

É ruim você ter sua liberdade cerceada pela violência. Ter que evitar alguns lugares, andar sem objetos de valor, dirigir com o vidro do carro fechado, observar o entorno antes de abrir o portão da garagem... Mas, diante da situação atual, são cuidados necessários. Assim como é importante não reagir a assalto. Por mais difícil que seja, o mais prudente é mesmo manter a calma.

FONTE: JORNAL O POVO

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