Em artigo escrito ao Jornal OPOVO o Tenente Coronel Plauto de Lima descreve a realidade de nosos guerreiros policiais que vão às ruas diarimanete combaterem o crime em locais inóspitos e mais distantes deste País enfrentando as mais diversas dificuldades que o sistema administrativo político nos impõe. Leiam a seguir:
Não somos heróis. Houve um tempo em que pensei que éramos, mas não somos. Apesar do altruísmo nas nossas ações, não temos o reconhecimento da população. Quando morremos, só nossos colegas e familiares choram por nossa partida, a grande maioria da sociedade pouco se importa.
Não somos heróis; aliás, nunca fomos. Criamos isso para nos iludirmos, uma espécie de sublimação coletiva inspirada na ficção que nos faz crer que estamos sendo importantes, mas estão pouco se “lixando” com as aflições que nos acometem. Morremos e seguimos para a vala do esquecimento. Alguém lembra o nome do último? Como ele foi morto? Quando? Não, não lembra. Mas não se preocupem com isso, não somos heróis.
Por que seríamos heróis? Em uma sociedade que trata o seu algoz como vítima, por que nos surpreenderíamos com a indiferença da população pela morte daqueles que se dispõem a morrer para defendê-la?
Vivemos em um país em que o mal banal das pessoas é justificado pela desigualdade social, racial ou financeira. Segundo os seus defensores libertários, essas pessoas são vítimas da sociedade.
Uma “verdade por autoridade” imposta por aqueles que militam por esses humanos e por seus direitos.
E se outro for morto? Se mais um filho ficar órfão? Se mais uma esposa ficar viúva? Não se preocupem, as nossas sirenes continuarão acionadas para atender os seus chamados. Apesar do olhar inquisidor dos trabalhadores acusadores, prontos para precipitadamente denunciar as nossas ações ou possíveis omissões, a postos para defender aqueles que os atacaram, usando todos os meios para demonstrar que não somos heróis, correremos na direção do perigo.
Esse é o nosso labor, imposto a esses servi publici, que se vestem iguais e andam disciplinarmente em ordem unida, vivem sem contemplação, são tratados com indiferença e morrem como um animal laboral. Fiquem tranquilos, estamos por aqui, somos muitos e não somos ninguém.
Plauto de Lima
plautoroberto@gmail.com
Tenente coronel da Polícia Militar do Ceará
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